E se o que aconteceu com o cantor Beto Falcão de “Segundo Sol”, que acabou tendo que viver incógnito, rolasse – de certa forma – com seu intérprete? Claro que é diferente: no caso da novela o ídolo fica até mais famoso, mas tido como morto, o que o obriga a viver escondido em uma identidade falsa, como uma pessoa comum, mas… Será que Emilio Dantas conseguiria ficar ali no seu dia a dia sem a fama que conquistou com tanto suor? Muito se fala da exposição que o holofote traz, mas todo artista quer reconhecimento, certo? A gente foi perguntar pra ele!
“É puxado, mas o artista depende do reconhecimento”
“Não é que o artista quer o reconhecimento… É puxado, mas o artista depende do reconhecimento. O artista, não – na verdade é quem trabalha em TV ou quem tem a arte como forma de capitalizar… A gente tem que ser visto para ser chamado para trabalhos. Mas eu como artista quando pinto, na minha casa, não preciso desse reconhecimento. É uma arte que é minha, que estou expressando… Se eu fosse o Beto Falcão, estava lá pintando, desenhando… Mas talvez chegasse ao ponto de sentir essa falta da fama, sim…”
O Emilio pintor não gostaria de ter o valor de sua obra reconhecido, receber convites para exposições? Não seria bacana isso? “Seria, seria também… A gente bota um codinome…” Se caísse no ostracismo… “Sofreria por não conseguir mais fazer o que gosto. Seria difícil, sim”.
“Tenho consciência de todo o meu esforço, mas também da sorte de poder viver disso”
Se sente abençoado por ter conquistado o grande público? “Me sinto muito abençoado. Além disso, é uma sorte mesmo, apesar da gente ralar muito. Tenho consciência de todo o meu esforço, mas também da sorte de poder viver disso porque tenho vários amigos artistas batalhando ainda e as coisas não acontecem com tanta agilidade pra eles”.
“Muitas vezes a gente também queria estar na praia”
O papo com o ator foi sobre vários assuntos. Sobre a moral de “gente boa” que ele conquistou com a imprensa… “Isso é porque são pessoas de bom senso. Eu nunca fiz nada pra machucar ninguém. Está todo mundo trabalhando. Muitas vezes a gente também queria estar na praia. É importante respeitar o trabalho do outro, e ser respeitado. Sem plantar aspas, ser invasivo…”
“Um amigão meu lá da Tijuca”
Sobre a nova música que Beto Falcão vai lançar… “O autor [na vida real] é um amigão meu lá da Tijuca [zona norte do Rio], Cassiano Andrade, que chegou na Globo por outros meios. Ele tem um trabalho de composição já muito grande, e tocava na praça Varnhagem [no bairro carioca]. Sou daquela área, então muitas vezes eu estava passando pelos barzinhos de lá, ele estava tocando e eu dava uma canja, a gente dava uma brincada… O produtor musical da novela me mostrou a canção nova do Beto e quando vi estava lá escrito Cassiano Andrade. Coincidência… E mérito dele”.
Toca Raul!
Emilio ganhou projeção ao dar vida a Cazuza em um musical no teatro. Que outro nome da MPB gostaria de interpretar? “Raul [Seixas]! Aliás, Raul pra qualquer coisa. Mesmo que o papel fosse de primo de quinto grau dele em um filme, eu faria”, disse o ator, que tem uma tatuagem do ídolo. E mais outras 12 espalhadas pelo corpo. Todas com significado.
“Fazia truques de mágica para tirar um troco”
“Tenho o desenho da palheta do meu amigo Tonho Gebara, que era guitarrista do Mauricio Baia e faleceu… Tenho uma ponta de lápis [no pulso direito] por causa dos desenhos que curto fazer… Aqui [na parte interna do braço direito] é o joker [curinga] de um baralho que eu usava quando fazia truques de mágica para tirar um troco… Tem uma outra que perguntam se é um heliponto, mas é dos Simpsons… A galera me zoa no Twitter, diz que fiz essas tatuagens no presídio, de tão feio que é [o traço]… Hoje em dia, vendo a evolução dos tatuadores, concordo que parece mesmo… Vou tentar não fazer mais nenhuma, mas muito provavelmente farei sim…”
“Eu conheço o meu lugar”
Com tanto talento pra música, se arriscaria num quadro como o “Show dos Famosos” do Faustão? “Não tenho talento para aquilo, não. Bato palmas para o Ícaro [Silva, que já concorreu]. Ele é brilhante. Eu conheço o meu lugar, não sou capaz disso não”. E se fosse o “PopStar” [programa que foi apresentado por Fernanda Lima, com atores e apresentadores soltando a voz e competindo entre si]? “Aquele é legal, mas aceitaria dependendo do time [que disputaria]… Não sou bobo. Se souber que vou me lascar, prefiro ficar em casa”. (por Michelle Licory)