Depois de “Assédio” (2018), Hermila Guedes volta à TV em “Segunda Chamada”, série que estreia em outubro na Globo. A atriz, conhecida principalmente por seus trabalhos no cinema, como “O Céu de Suely”, “Cinemas, Aspirina e Urubus” e “Assalta ao Banco Central”, teve o desafio de interpretar Sônia, uma professora que trabalha em várias escolas e não acredita mais no próprio potencial. A personagem traz à tona assuntos delicados para ela, como o uso incontrolado de remédios e agressão doméstica. “Achei que não fosse dar conta das emoções por quais a Sônia passa. Sem contar que eu estou mais familiarizada com o cinema e fazer televisão é muito diferente”, conta.
Emocionada, Hermila conta que se inspirou na vida real para criar a personagem, e lembrou de detalhes sobre o passado. “Em muitos momentos vi minha mãe naquela personagem, pois ela foi violentada pelo meu pai. A mulher não é a única vítima: os filhos da relação, os pais dessa mulher e todos sofrem juntos. Sempre tentei entender como esse homem violentava a mulher que eu mais amava na vida e isso sempre foi uma grande mágoa na minha vida. O mais difícil foi reviver tudo aquilo. Sei que a série pode encorajar a denuncia”, revela.
Apesar das histórias de Sônia e Hermila terem semelhanças, ela conta que ninguém sabia dessa particularidade e a personagem não foi planejada: “A Joana Jabace, diretora artística da produção, não sabia disso. Nós trabalhamos juntas em Assédio e ela me chamou para interpretar a Sônia. Nesse trabalho, tive a felicidade de desenvolver empatia com a personagem e com os alunos, já que a professora tentava não levar os problemas dela para a sala de aula. Tudo isso foi um grande aprendizado pra mim”, contou.
Para ela, “Segunda Chamada” a fez ainda mais forte em relação ao assunto: “Estou saindo muito mais forte por entender que posso sensibilizar a mulher e fazer ela se sentir mais segura para denunciar esse tipo de agressão. E isso é importante porque a questão do feminicídio no Brasil é algo muito sério. É bom que os homens vejam também, eles precisam se educar porque o machismo mata, mas muitos são vítimas desse machismo também, pois só reproduzem o que aprenderam. Então, não é só a questão da denúncia, mas da educação.”
*”Segunda Chamada” conta a história dos alunos e professores da fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus em São Paulo. A trama vai mostrar a realidade do ensino público, além das questões que envolvem a vida particular de cada personagem, abrangendo situações como bullying, LGBTfobia, maternidade e a grande função do ensino na vida de cada um.