Em papo reto com Glamurama, Maria Zilda fala de seu livro e dispara: “Nunca me ofendi por ser considerada bonita”

Maria Zilda // Divulgação

Maria Zilda é rosto e personalidade inesquecíveis no universo das novelas, cinema e teatro. Sucesso em tramas como ‘Selva de Pedra’ (1986), ‘Hipertensão’ (1986) e ‘Top Model’ (1989), ela começou a carreira nos anos 1970 e, além de reconhecida pelo talento, sempre foi uma das atrizes mais atraentes de sua geração… e nunca viu problema nisso, muito pelo contrário. Libertária desde sempre, amiga de Cazuza e sua turma, curtiu a vida como quis. Em uma de suas declarações mais polêmicas, revelou que aproveitou sua sedução para passar ‘pegar’ geral. “Consegui usar isso a meu favor”, diz. “Nunca me ofendi por ser considerada muito bonita. É um elogio, e isso é ótimo”, se diverte, sem falsa modéstia.

E se ainda hoje o machismo é um dos grandes problemas que a sociedade enfrenta, imagine em 1970. Mas isso não impediu que Maria Zilda conquistasse o público: “Machismo existe até hoje, mas nunca me impediu de chegar onde eu queria”. Para a atriz, as maiores dificuldades da profissão são, na verdade, os altos e baixos. “O desafio é diário, já que a profissão é incerta. Estamos sempre na corda bamba, é como uma loteria. A novela, o teatro ou o filme em que está atuando pode estourar, ou não. Mas tive sorte. Sempre trabalhei com ótimos colegas. Posso dizer, com certeza, que tive muito mais sucessos do que fracassos”.

Não é à toa que a atriz tem mais de 45 anos de carreira, com um currículo de sucesso. Entre os muitos momentos incríveis, Maria Zilda destaca os grandes festivais de cinema, em que ganhou prêmios importantes, como um grande marco na vida profissional. “Lembro com muito carinho dos festivais em que compareci e venci, das salas de teatro cheias, e das novelas de sucesso”, relembra. Em 1979, ela venceu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Montreux com o filme ‘A Intrusa’; em 1993 repetiu o feito com ‘Vagas para Moças de Fino Trato’, no Festival de Brasília e, por fim, venceu também como melhor atriz no Festival de Gramado, com ‘Eu Não Conhecia Tururú’.

Hora de mudar

A última vez que Maria Zilda atuou em uma novela foi em ‘Êta Mundo Bom’ (2016), na pele da personagem Emma. E essa deverá ser sua última participação. Depois de mais de 30 novelas, a atriz decidiu parar: “Não pretendo voltar a fazer novela. Acho que já fiz bastante. Na vida, temos que diversificar. Depois da novela e das séries da HBO, resolvi parar”.

Aos 65 anos, a artista se dedica agora ao universo da escrita, uma paixão antiga… e que está no sangue. Na infância, Maria Zilda cresceu observando os pais, Humberto Bastos e Nilda Bethlem, ambos escritores. “Sempre escrevi muito, desde a adolescência. Colocava tudo o que eu pensava no papel e até hoje guardo essas memórias. Então começar a escrever foi algo natural. Quando parei de gravar, tive tempo para me dedicar a escrita e então surgiu a ideia do livro”, explica.

No próximo dia 16, Maria Zilda lança seu livro ‘A Caçadora de Amor’, que conta detalhes de sua vida profissional e pessoal. Apesar de trazer informações nunca antes reveladas, a agora escritora diz que não tem intenção de chocar o público. “As pessoas não ficarão chocadas, e sim surpresas. Ao longo da carreira de artista, falamos bastante sobre diversos temas, então busquei contar o que ainda não comentei por aí. São memórias, situações, lembranças. Coisas que fui lembrando com o passar do tempo e quis escrever sobre”.

Livre para amar

Maria Zilda é uma mulher à frente do seu tempo, sem preconceitos e sempre se relacionou com homens e mulheres. Mesmo em um tempo em que assuntos do mundo LGBTQ+ não eram debatidos da maneira correta: “Sempre foi algo natural para mim, nunca tive preconceito e simplesmente foi acontecendo”. Seu último casamento, com Ana Kalil, 20 anos mais nova do que ela, durou 8 anos. Mas a atriz também foi casada com César Leite Fernandes e com o diretor Roberto Talma. É mãe de Rodrigo e Raphael, e avó-coruja de Vitória e Catharina, de quem vive compartilhando fotos no Instagram.

Para o Glamurama, ela explica o que é amor. “Costumo chamar de querer bem. É quando você quer que a pessoa esteja feliz, sem querer possuir ou mudar quem ela é. Para mim, também é companheirismo, confiança, parceria”. Atualmente solteira e concentrada nessa nova ‘onda’ literária, depois de ‘A Caçadora de Amor’ Maria Zilda planeja lançar mais um livro, dessa vez de ficção. “Seria algo completamente diferente da minha primeira obra, uma história independente, que não tem a ver comigo”. (por Jaquelini Cornachioni)

 

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