Depois de conquistar seu espaço no horário mais concorrido dos fins de semana, a apresentadora topou o desafio de fazer seu programa ao vivo e agora dispõe de mais de 120 profissionais para colocá-lo no ar. Para a Revista J.P, Eliana fala com o mesmo entusiasmo do filho, de namoro, fãs e manifestações
Por Paulo Sampaio para a Revista J.P de maio
Fotos de Maurício Nahas, styling Luna Nigro e beleza Lavoisier
A apresentadora Eliana é da seguinte filosofia: “Dá muito mais trabalho dizer ‘não, não quero dar autógrafo’, do que abrir um sorriso e posar com o fã para a foto. Pra que deixar um registro negativo? É desnecessário”. Acontece que, por mais honrada que ela se sinta por ter 5 milhões de seguidores no Facebook, por mais que diga que faz parte da carreira artística lidar com o assédio do público, por mais que afirme que está acostumada com isso, há momentos em que é simplesmente impraticável para alguém com a popularidade dela se aventurar no meio de uma multidão de 65 mil pessoas. Foi por isso que, no dia 13 de junho de 2013, Eliana se camuflou para participar da manifestação contra o aumento nas tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, que passaria de R$ 3 para R$ 3,20. Estava irreconhecível por trás de um par de óculos de sol, uma peruca e um boné. “Fui disfarçada”, ela conta, com um sorriso divertido. Apesar de escondida, ela não estava no Largo da Batata, em Pinheiros, para brincar. Acompanhada de amigos da época da faculdade (de psicologia), que considera os mais chegados, Eliana, que anda a bordo de um Cadillac Escalade blindado, gritou junto com o povo por considerar o aumento abusivo. “A gente vive em um país com uma das maiores arrecadações de impostos do mundo, e não recebe absolutamente nada em troca. Não há escolas públicas decentes, os hospitais são desequipados e insuficientes. Eu estudei em escola pública, numa época em que o aluno levantava quando o professor entrava em sala e cantava o Hino Nacional com a mão no peito.”
Eliana diz isso ao explicar que não cogita ter um segundo filho. O primeiro, Arthur, 3 anos, que teve com o produtor musical João Marcello Bôscoli, volta e meia pede um irmãozinho. “É muito complicado, mesmo para quem tem condições, criar um filho num mundo assim.” A apresentadora diz que não frequentou outras passeatas. Não por falta de esperança, mas porque não vê “muito foco”, por exemplo, nos panelaços. “Acho positivo que o povo vá às ruas, mostre sua indignação, deixe claro que não está inerte. Por outro lado, é preciso ter uma direção, saber aonde quer chegar, qual o objetivo do grito.” Todo mundo em volta, no camarim do estúdio, parece aplaudi-la em silêncio.
A chegada da apresentadora possibilitou aos mais observadores verificarem surpresos o contraste entre a Eliana da TV e a da vida real. A primeira, que se vê no vídeo, costuma envergar um figurino que destaca seu contorno. Saia justa, pernas à mostra, braços de fora. A segunda chegou vestindo um saião solto com estampas aleatórias, blusa idem, tamanco, um look que ela classificou como riponga. “No dia a dia não gosto de nada que me aperte muito. O problema do vídeo é que ele te engorda pelo menos 6 quilos, então não dá para usar muito volume”, explica. Pelo sim, pelo não, ela mantém um personal trainer à disposição diariamente. Faz aeróbica, musculação, ginástica funcional. Quer dizer: faz quando pode. No dia da entrevista, uma sexta-feira, contou que naquela semana não teve tempo de treinar nem uma horinha. Não que estivesse inconsolável. Em mais de 20 anos de TV, ela nunca foi o tipo de celebridade que dependesse de um corpo bombado para ter audiência. Pra falar a verdade, faz pouco tempo que ela se tornou adepta da famigerada reeducação alimentar e cortou carboidrato à noite, fritura e refrigerante. O elemento deflagrador do “basta” foi a gravidez de Arthur. “Passei a comer de três em três horas, a tomar mais água e prestar atenção no que eu como: agora gosto de comida boa. Eu tinha de cuidar daquele serzinho que estava aqui (passando a mão na barriga).”
Muito mais do que o hábito de uma alimentação saudável, o menino proporcionou a Eliana a maior emoção que ela já teve na vida. “Nos meus 41 anos, nada, absolutamente nada, se compara à realização que foi o nascimento do meu filho.” Ela diz que Arthur não se parece especialmente com a mãe nem com o pai. Logo em seguida, porém, o define como “doce mas determinadíssimo; quando quer alguma coisa, tem argumentos”. Vamos combinar: são traços de uma hereditariedade inequívoca.
Desde menina, Eliana nunca foi de largar o osso fácil. O começo, comecinho mesmo, foi aos 13, quando fez figuração no lendário comercial da Valisere (“O primeiro sutiã a gente nunca esquece”). Aos 18, depois do sucesso como integrante dos grupos A Patotinha e Banana Split, ganhou de Silvio Santos o programa Festolândia. Concebida especialmente para ela, a atração foi tirada do ar em três meses, por alegados problemas de custos. Eliana chorou, pediu a SS mais uma oportunidade, veio Sessão Desenho, feito com um orçamento muito baixo – para evitar outro forfait. A partir daí, em moto crescente, Eliana foi se tornando uma referência para o público infantil e hoje, mais de duas décadas depois, encanta milhões de adultos nas tardes de domingo. Seu prestígio com o dono do SBT tornou-se tão grande que há dois meses ele confiou a ela um programa ao vivo, durante quatro horas, no qual ela concorre com monstros sagrados como Faustão e futebol e, na disputa pela vice-liderança nacional, com Rodrigo Faro. Apesar de contar com uma produção de 120 pessoas, Eliana cuida pessoalmente do acabamento. No quadro Rola ou Enrola, por exemplo, as candidatas não têm aquele ranço trash que tradicionalmente povoava as atrações das concorrentes da Globo. Muito orgulhosa, ela explica: “A gente recomenda a produção para vestirem as candidatas de acordo com o tipo delas. Eu participo pessoalmente disso”. Embora a apresentadora não fale de cifras, qualquer criança crescida, do tipo que a assistia nos anos 1990 e consumia um dos 140 produtos licenciados com seu nome (ela só perdia, no Brasil, para a Disney), consegue ter uma ideia da fortuna acumulada por aquela que é hoje uma das mulheres mais ricas do showbiz nacional.
“Gente, tô amando esse aplicativo!”, exclama Eliana, apontando para o iPhone do maquiador Lavoisier. “É o Rádio Ibiza”, explica ele. A ala com menos de 30 fala com intimidade do app. O resto, aprende. “É o máximo. Eles disponibilizam música para todas as ocasiões. Corrida, jantar, sexo”, explica Lavô. “Sexo?”, indaga ela, com interesse. “E o que seria? R&B (rhythm and blues)?”, pergunta. Ele ri. Ela diz que recorre a outro aplicativo, o Deezer, e afirma que tem uma playlist bem eclética. R. Kelly, G-Eazy, Beyoncé, Rihanna, Elis, Caetano, Céu, Mariana Aydar e, claro, R&B. Por falar nisso, ela está namorando desde janeiro o diretor Adriano Ricco (ex-Domingão do Faustão), da Globo. Ele é muito amigo de Ariel Jacobowitz, diretor do programa dela, e os dois já se conheciam de vista. Aproximaram-se nas férias, quando pela segunda vez ela alugou uma casa em Miami para passar o Réveillon e a temporada com a família – filho, pai, mãe, irmã, sobrinhos. Eliana conta que, de uns tempos pra cá, deixou de se preparar exageradamente antes dos primeiros encontros (com receio de frustrar a expectativa do pretendente). “Quero me mostrar agora o mais próximo possível do natural. Vou logo falando: ‘Não tem nada da TV, cabelão, olhão, maquiagem’.” Quando se pergunta se existe, além do namoro, uma paquera com a Globo, Eliana é taxativa: “O SBT é um lugar que eu adoro, me sinto em casa. Só de ter aquele jardim (à entrada da emissora) para nos receber”. Lavô comenta que achou o máximo a homenagem aberta do SBT pelos 50 anos da Globo. Eliana agarra a deixa: “Fotografei a campanha, postei no Face, virou um ‘viral’. Todo mundo compartilhou o meu post”. Com 5 milhões de seguidores, tudo é ‘viral’, Eliana. Mas que bom!
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