A internet ainda se recupera da cena pra lá de forte de quinta-feira em “Segundo Sol”: Roberval [Fabricio Boliveira] descobre no altar a traição de Cacau [Fabiula Nascimento] com Edgar [Caco Ciocler] e – com um olhar tipo “possuído” – faz o maior escândalo na igreja, humilhando publicamente a noiva, com direito a agressões, fortes xingamentos – e a vestido rasgado. Vexame mesmo. O “par de chifres” é um repeteco de uma situação vivida pelo triângulo há 18 anos.
“Normal sentir pena do Roberval”
Fabiula não coloca panos quentes em sua personagem, não. Pelo contrário. Em entrevista ao Glamurama, ela disse: “Cacau é confusa e culpada”. Ela explica: “Foi muito forte. Normal sentir pena do Roberval. Não dá pra defender ninguém nem acusar ninguém ali. É um julgamento da internet sobre os personagens, mas se fosse na vida real dessas pessoas [que opinam nas redes sociais], tudo seria diferente. Se não fosse novela, aquilo tudo se resolveria em uma conversa. Mas a gente tem uma trama pra contar até novembro… Não tem ninguém errado nem certo. Óbvio que ele escolheu um péssimo momento, mas foi à flor da pele. Receber aquela notícia em uma sacristia de igreja não deve ser uma coisa tranquila. Não dá pra segurar muito…”
“Cada cabeça, uma sentença”
Mas Roberval não pesou a mão? “Pesou. Pesa, né? Ele já tem uma energia mais forte, mais junkie. Não dá pra julgar. Pode acontecer. Cada cabeça, uma sentença. Cada história, uma história. A deles foi interrompida há 18 anos. E vive de achismos…. ‘Se eu tivesse feito outra escolha, será que seria diferente?’ Não dá pra saber… Ficou tudo paralisado. De repente ninguém se ama, está todo mundo enganado, vivendo uma ilusão. Tem uma desculpa… Ela se sente muito culpada por ter feito de novo o cara sofrer, mas se vê ali totalmente apaixonada, inebriada por aquela relação que ficou lá atrás com o Edgar”.
Sobre a cena em si: “A gente tentou se aproximar da realidade o máximo possível. Quanto mais sentido e mais real, melhor. Foram sete horas de trabalho, nunca é fácil. Não tenho ideia pra onde a Cacau vai agora, espero que siga um caminho da luz”.
“… como muita gente se acostuma”
Fabiula tira de letra essa tarefa de não apontar dedos. Tanto que vive – e defende – uma personagem bem mais controversa no cinema em “O Nome da Morte”: Maria, a mulher de um matador de aluguel que tirou a vida de centenas de pessoas. Perguntamos se ela acredita que alguém pode ser um assassino em série e em casa ser um marido doce, romântico, como no filme. “Acredito muito. O Julio [Marco Pigossi] é um cara que se acostumou com uma profissão bizarra, como muita gente se acostuma. Difícil julgar as pessoas. Depende do tipo de corrupção que você vai sofrer. Ele teve seu preço. Pra vida dele existir, numa sociedade em que ele é invisível… E a Maria é uma mulher sem força”.
“Ela é cúmplice, óbvio”
Como assim? “Ela não tem força nem pra ir embora. Coragem ela tem, mas pra ficar naquela situação, casada com um cara que matou 492 pessoas. Ela é mais apática, sem perspectiva de vida. Até que sucumbe. Exercito o não julgamento o tempo inteiro. Ela não tem cultura, educação, horizonte. Querer que ela tome atitude… E eles se amam profundamente. Não tem como descolar. Eles têm uma família juntos. Ela é cúmplice, óbvio”. (por Michelle Licory)