Uma legião de estrelas se vestiu de preto em uma noite histórica para Hollywood. A cor foi eleita como dress code absoluto da 75ª edição do Globo de Ouro que aconteceu nesse domingo, em Los Angeles, como forma de protesto e apoio ao movimento Time’s Up Now – iniciativa que luta pelo combate ao assédio sexual nos Estados Unidos.
A campanha “On Sunday We Wear Black” (No Domingo Nós Vestimos Preto) pede para que qualquer pessoa, independente de quem seja e de onde esteja, vista preto em solidariedade a mulheres e homens que foram silenciados por discriminação, abuso ou assédio.
O movimento ganhou força depois das acusações a diversos figurões da indústria de cinema encabeçados pelo poderoso produtor Harvey Weinstein e conquistou muitas estrelas do cinema. Como Brie Larson enfatizou no palco da premiação, o movimento foi criado em apoio à mulheres indefesas e se vestir com consciência foi apenas um dos fatores que marcou a premiação, já que ela também não deu espaço a algum a nomes acusados recentemente”, lembrando que ano passado Casey Affleck, acusado de assédio sexual, ganhou como Melhor Ator por “Manchester à Beira-Mar”. A única a se manifestar contra o prêmio na ocasião foi Brie Larson, pedindo um minuto de silêncio a todos.
E apesar do apresentador da noite ter sido um homem, o comediante Seth Meyers, que até brincou dizendo que ali estavam apenas os que haviam sobrado, a noite foi das mulheres que, cada uma à sua maneira, representou a causa em nome das mulheres de todo o mundo.
Apesar de todos estarem usando preto, o que causou um grande impacto no tapete vermelho, a cobertura do Globo de Ouro dessa vez não se voltou a frivolidades e ao que as celebridades estavam vestindo, para a tristeza das marcas, que emprestam seus vestidos em troca de publicidade.
O efeito do poderio feminino se refletiu também na premiação. As séries que se destacaram foram as de temática feminista, como as incríveis “Big Little Lies”, que tinha seis indicações e ganhou quatro, e “The Handmaid’s Tale”, com três indicações e dois prêmios. A primeira, baseada no romance de mesmo nome de Liane Moriarty, estrelada e produzida por Reese Witherspoon e Nicole Kidman, tem como trama central um grupo de mães cheias de preocupações com suas crianças e perturbadas por situações de violência e opressão. Já a segunda, inspirada no romance homônimo da escritora canadense Margaret Atwood, produzida e estrelada por Elizabeth Moss, se passa em um universo fictício em que mulheres, de uma hora para a outra, têm seus direitos revogados. Não podem mais trabalhar, nem votar. O dinheiro que tinham é confiscado, assim como todos os bens que possuíam. Elas passam a ser propriedade dos homens.
Se vestir com consciência resultou em um dos melhores tapetes vermelhos dos últimos tempos, já que a cor preta diminui a margem de erro e já conta com uma sofisticação natural. O espírito elegante e glamuroso dos anos dourados do cinema foi resgatado pelas produções de Angelina Jolie e Diane Kruger, enquanto Claire Foy apareceu linda vestida de terno combinando com seu colega na série “The Crown” Matt Smith.
Heidi Klum e Kendall Jenner usaram comprimento mullet em vestidos ricos em texturas. E as mais elegantes entre as elegantes apostam em vestidos com caudas: Viola Davis, Penelope Cruz, Nicole Kidman, Catherine Zeta-Jones e Dakota Johnson.
Emma Watson, Meryl Streep e Michelle Williams foram acompanhadas de mulheres ativistas. Michelle levou Tarana Burke, fundadora do movimento #MeToo, Meryl chegou com Ai-Jen Poo, diretora da ONG National Domestic Workers Alliance, e Emma posou de braços dados com Marai Larasi, fundadora do Imkaan.
Resta a dúvida: será que no Oscar, que rola no dia 4 de março, também haverá outro manifesto? Glamurama elegeu as mais bem vestidas da noite. Siga a seta.
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