Johnny Hooker nasceu em Recife como John Donovan, mas escolheu o sobrenome artístico (que significa prostituta em inglês) para homenagear “uma menina muito liberta para os padrões recifenses”. Seu álbum “Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!” explodiu no Spotify, no YouTube e nos shows Brasil afora. Seu novo trabalho, que deve se chamar “Corpo Fechado”, já está sendo produzido, mas Hooker não tem pressa. Como poeta, seu maior interesse é provocar afetos.
Não à toa, ele está confirmado no lineup do Festival Pepsi Twist Land, que acontece de 2 a 11 de fevereiro na Marina da Glória, no Rio. Ao lado dele, apresentam-se também Nação Zumbi (com participação de Gilberto Gil e Jorge Mautner), Otto, Céu (com Lenine), Criolo e Clarice Falcão. Além disso, o evento terá edição em Rio Grande do Sul também. Promete!
Da Coluna Cultura da Revista J.P de janeiro por Victor Martinez
Revista J.P: Como você especificaria o tipo de música que canta e produz?
Johnny Hooker: Música pop, eu acho. As pessoas ficam muito presas a essas categorias. Eu acho que música sertaneja, por exemplo, não deixa de ser pop. O que muda um pouco é a estética. Na minha música tem um pouco do tropicalismo, da antropofagia, mas não deixa de ser pop. E isso se vê pela resposta, pela quantidade de pessoas que atingimos. O que difere é a estrutura. Não temos uma indústria por trás. A gente faz o que pode!
Revista J.P: Como é para você hoje lembrar o início da sua carreira?
Johnny Hooker: Eu ando muito nostálgico nesse sentido. Eu comecei tocando em puteiro… era meio punk. E isso acabou me influenciando e ir me encontrando. Quando você olha pra trás, e vê quantas vezes seu coração quebrou e se refez em seguida, você percebe que não é mais o mesmo. Mas aquela cicatriz não deixa de ser sua imagem mais fidedigna. O meu próximo disco fala muito disso.
Revista J.P: Em seus shows, você fala que “Amar também é um ato de resistência”. Por que?!
Johnny Hooker: Porque resistência também é afetiva, entendeu?! Quando as pessoas falam de política, por exemplo, elas esquecem que tem um fator afetivo muito importante nisso tudo. Não se pode responder sempre com a agressão da ideologia. Devemos mostrar para as pessoas que é bonito ser diferente. Nós não vamos sair daqui tão cedo, sabe?! Todo mundo fala de desobediência civil, mas ninguém fala de desobediência afetiva. Se você falar de política de maneira a tocar as pessoas, elas vão entender. Um exemplo flagrante dessa ideia é o panfleto “Amar Sem Temer”, que surgiu nos últimos tempos.
Revista J.P: O que você deseja para o Brasil em 2017?
Johnny Hooker: Acho que esse ano vai ser muito violento. Com a perda de alguns direitos humanos e a dificuldade de acesso à educação e saúde tudo tende a ruir. Não ter políticas públicas contra a homofobia em um país que mais mata LGBT, por exemplo, é um genocídio. O que eu desejo para esse ano é resistência. A gente tem que ser forte, mas de maneira que as pessoas entendam. Isso é uma luta afetiva também. E não adianta falar na sua própria bolha. Tem que ir para as ruas! Em 2017, vale mais a resistência.