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Giancarlo Del Monaco vai abrir a temporada lírica do Theatro Municipal de SP 2015 com a montagem “Otello” || Crédito: Divulgação

Giancarlo Del Monaco, filho de um dos maiores tenores da história, o italiano Mario Del Monaco, vai voltar para a Itália com duas bagagens a tiracolo: sua primeira direção cênica de uma montagem no Brasil, a ópera “Otello”, no Theatro Municipal de SP, e, quem diria, um cachorrinho! Em conversa por telefone com o Glamurama, ele contou porque decidiu homenagear seu pai no Brasil, explicou sua fama de difícil e ainda apresentou o novo membro da família, o pequeno – e brasileiro – yorkshire Otello.

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama: Por que você decidiu homenagear seu pai [Mario del Monaco] aqui no Brasil?
Giancarlo Del Monaco: Porque meu pai gostava muito daqui, até falava português! Ele cantou inúmeras vezes no Brasil, além de ter feitos muitos amigos. A primeira vez dele foi em 1947, quando interpretou o índio Peri na montagem de “O Guarany”, no Rio de Janeiro. Depois ele voltou várias outras vezes, em 48, 49, 50, 67… Em 49 ele veio para  “Trovatore” e em 50 para “Otello”. Após a  Segunda Guerra, o Brasil se tornou um paraíso. Imagino que era completamente diferente do Brasil hoje. Quando você sai de uma guerra, o que você quer? Cantar! Foi o que o meu pai fez. O primeiro lugar que ele tocou fora da Itália depois da guerra foi o Brasil. Lembro que meus pais contaram que puderam comer açúcar no Brasil depois de muitos anos, porque não se tinha açúcar na Europa na época da guerra.

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Mario del Monaco como Peri, na montagem de “O Guarany”, em 1947, no Rio de Janeiro

Glamurama: É a sua primeira vez no Brasil? O que está achando?
Giancarlo Del Monaco: É. Estou achando um pouco caótico: muito barulho, muito trânsito, muitos carros e também muito perigoso. Não se pode andar tranquilamente na região do Theatro [Municipal de São Paulo], por exemplo. Um amigo meu foi assaltado ali e levaram tudo. Mas é o destino dos tempos modernos. Isso não acontece só aqui no Brasil.

Glamurama: Depois da temporada você pretende viajar pelo Brasil?
Giancarlo Del Monaco: Não. Depois que terminar vou ter que voltar para a Europa porque vou preparar uma produção no Cazaquistão. Mas quero voltar com mais calma. Quero também conhecer o Rio de Janeiro.

Glamurama: É verdade que você até comprou um cachorrinho brasileiro?
Giancarlo Del Monaco: Comprei! Ele se chama Otello. É um.. Qual é a raça mesmo [pergunta para Lana Kos, sua companheira e a intérprete de Desdemona na montagem]? Ah, sim, um yorkshire. Compramos ele em uma loja grande que não me lembro o nome. Tem uns três meses e ele nos morde a toda hora [risos]. O John Neschling ficou tão apaixonado que resolveu comprar um igual, acredita?

À esquerda, o maestro e diretor artístico de “Otello”, John Neschling, e seu cachorrinho, Schlomo; à direita, Giancarlo del Monaco com o pequeno Otello || Crédito: Facebook

Glamurama: O que você mais admirava em seu pai?
Giancarlo Del Monaco: Ele foi o melhor cantor e ator moderno do último século. Meu pai modernizou o jeito de cantar. Tinha também uma peculiaridade: ele era muito cinematográfico nos palcos. Era muito bonito e cativante também.

Glamurama: E como ele era em casa?
Giancarlo Del Monaco: Era um pai normal, mas com uma certa dificuldade. Acho que é difícil ser um pai normal na esfera privada quando você está no auge dos palcos.

Glamurama: Você pensava em seguir os passos do seu pai e cantar, quando menor?
Giancarlo Del Monaco: Pensei, sim. Comecei a cantar com ele, aos 21 anos. E ele sempre me dizia que eu cantava muito bem. Mas eu não tenho mentalidade de cantor. Se eu fosse como meu pai, teria que, além de cantar, atuar, me mover em palco. Por isso sempre me interessei mais por direção de cena.

Glamurama: Ainda hoje você tem uma boa voz?
Giancarlo Del Monaco: Não [risos]. Eu fumo cigarro, tenho mais de 70 anos. Minha voz já se foi.

Glamurama: Quais são seus compositores favoritos?
Giancarlo Del Monaco: Mozart, Verdi, Wagner e Puccini.

Glamurama: Dizem que você tem um temperamento difícil. É verdade?
Giancarlo Del Monaco: Sim, concordo. Sou uma pessoa difícil porque gosto de qualidade no palco e na minha vida. Wagner era difícil, Verdi, Mozart. Se você quer qualidade, tem de ser difícil.

Glamurama: Você se importa come essa fama?
Giancarlo Del Monaco: Eu não ligo. Amo ser difícil. É na dificuldade que você obtém a qualidade.

Glamurama: Você está celebrando seus 50 anos de carreira e os 100 anos de nascimento do seu pai…
Giancarlo Del Monaco: É. É tudo muito especial para mim. Estou muito feliz e continuo olhando para o futuro. Quero ter muito trabalho ainda.

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“Otello” no Theatro Municipal de SP 

Quando: março 12/3 qui 20h |14/3 sáb 20h |15/3 dom 18h |17/3 ter 20h| 18/3 qua 20h| 21/3 sáb 20h | 22/3 dom 18h| 24/3 ter 20h| 27/3 sex 20h
Onde: Theatro Municipal de São Paulo, Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Bilheteria: 3053-2090
Ingressos: R$ 50 a R$ 120 – meia-entrada para estudantes
Site: http://www.compreingressos.com/theatromunicipaldesaopaulo

Trecho da montagem de “Otello”, em São Paulo
“Otello” abre a temporada lírica 2015 do Theatro Municipal de SP

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