Direto de Londres, as excentricidades das bilionárias na cidade

De preto, Cara Delevingne, a celebridade que mais dá pinta por Chiltern Firehouse, novo hotel super-disputado em Londres. A escultura é da exposição “The Human Factor” e a tela da mostra “Virginia Woolf; Art, Life and Vision”. De branco, Goga Ashkenazi, bilionária russa que comprou a marca Vionnet. À direita, Helen Mirren

Por Antonio Bivar para revista Joyce Pascowitch de agosto

A recente Rich List do Sunday Times revelou que Londres é a cidade que tem mais bilionários que qualquer outra do planeta. Um total de 72. Em segundo, e bem abaixo, vem Moscou, com 48, enquanto a pobre Nova York não tem mais que 43. O resto do mundo é irrelevante. De qualquer modo, o capitalismo deu um salto tão inusitado que hoje, ser simplesmente milionário é quase como ser pobre. Ainda assim o número de ricos aumenta a olhos vistos e, pelo que se tem lido sobre eles, as mulheres são as mais gananciosas. A self-made bilionária russa Goga Ashkenazi tem tudo e quer mais. Acostumada a tirar de letra uma longa trilha de escândalos, Goga tem a compleição de uma top model, jeito felino de gata sexy, formada em história moderna e economia em Oxford, assume não se dar muito bem com mulheres, preferindo a companhia masculina. Lady Goga é íntima do príncipe Andrew e entre seus amigos homens estão lorde Edward Spencer-Churchill, Mikhail Gorbachev, o popstar Nick Rhodes e o milionário das telecomunicações Dino Lalvani. Nas veias, sangue mongol, cazaque, judeu e russo. “Isso e mais o fato de eu ter nascido em Moscou, então você imagina”, diz Goga. Aos 34 anos, em vez de comprar um time de futebol como seus conterrâneos, Goga resolveu investir em moda. Comprou a marca francesa Vionnet. E nada de chamar algum esperto para desenhar as coleções. É ela mesmo a estilista, faz questão. A parte mais chata da empresa, a comercial, ela deixa para o CEO. Enquanto seus dois filhos ocupam a mansão de 28 milhões de libras em Londres, ela, considerada “uma força da natureza” pela revista Tatler, passa a maior parte do tempo no ateliê Vionnet, em Milão. Sua nova coleção apresentada em Paris é toda baseada no construtivismo do futurista russo Malevich, que está com retrospectiva na Tate Modern, em Londres. Goga Ashkenazi, aliás, é também uma inveterada colecionadora de arte.

Outra bilionária que recentemente ganhou vasto espaço na mídia fofoqueira foi Nora Al-Daher. Casada com Sayyid Badr bin Hamad bin Hamood Al Busaidi, o ministro do Exterior de Omã, a inquieta Nora ficou uma arara com o The Ritz de Londres por não ter sido aconselhada a parar de jogar no cassino do hotel, onde, numa só noite, perdeu quase 3 milhões de libras. Nora já havia sido processada pelo hotel, em 2012, por ter passado mais de um milhão em cheques sem fundo. Roger Marris, o chefe-executivo do hotel, diz que tudo pode chegar a bom termo porque Nora é uma boa hóspede. Habituée de cassinos, jogadora inveterada, Nora costuma gastar milhões numa só noite. Só no Ritz ela já deixou mais de 20 milhões. Nora Al-Daher passa mais tempo em Londres que no seu país.
Outra super-ricaça que está dando muita pinta é a chinesa Olyvia Kwok. Olyvia está sendo processada pela Sotheby’s de Londres, onde vive, por ter arrebatado por 2,49 milhões de libras um Basquiat num leilão e esquecido de pagar.

Uma que pode não ser bilionária, mas que está bastante rica é a atriz, aliás, Dame, Dame Helen Mirren. Na recente cerimônia Glamour’s Women of the Year, a [mais uma vez] premiada atriz de 69 anos fez o público cair na gargalhada com seu discurso de agradecimento: “I love my vagina. Ela sim devia ser premiada”. Se existisse o prêmio de mais desbocada, ela receberia também. “O lugar mais badalado de Londres atualmente é o restaurante Chiltern, na Chiltern Street, em Marylebone. Ele fica numa antiga e majestosa sede vitoriana do Corpo de Bombeiros do bairro. Até o fechamento da coluna, o hotel ainda não havia sido inaugurado, mas o proprietário deu um jeito de improvisar um quarto para hospedar Bill Clinton. O hotel e restaurante Chiltern Firehouse é uma jogada certeira de André Balazs (do Chateau Marmont, em Los Angeles, e do Mercer, em Nova York). O crítico de restaurantes Tom Parker Bowles disse que ali “até Deus tem de esperar por uma mesa”. Parece que Balazs sabe exatamente onde as celebridades desejam ficar e o que querem comer. Ele, que já namorou desde Courtney Love até Uma Thurman. E o marketing promocional inaugural é tão nervoso que diariamente os jornais, com fotos feitas pelos paparazzi de plantão, publicam os da chamada Lista A que dão pinta por lá. Do primeiro-ministro David Cameron e senhora a Lindsay Lohan e acompanhante. Lindsay, aliás, está morando em Londres, onde fará sua estreia num palco do West End como atriz teatral. E as figurinhas de sempre: Kate Moss, Joan Collins, Bono, David Beckham, Kylie Minogue, Katy Perry, Tony e Cherie Blair, príncipe Harry, Lily Allen, Tom Ford e namorado, Ralph Lauren e senhora, Tom Cruise, Adele, Naomi… a lista é comprida. E, claro, a top da hora, Cara Delevingne, a que mais pinta dá, por lá. A pequena Chiltern Street até então era uma rua conhecida mais por suas lojas de calçados para mulheres de pés grandes, número 43.

E Londres está com exposições fabulosas. Duas delas são imperdíveis. Uma é a The Human Factor, na Hayward Gallery, até 7 de setembro (o crítico Waldemar Januszczak, do Sunday Times, apontou como divisora de águas essa mostra de esculturas de 28 artistas usando os mais diversos materiais para dar forma ao corpo humano). A outra, na National Portrait Gallery, é Virginia Woolf: Art, Life and Vision, com curadoria de Frances Spalding. Tudo sobre Virginia, como explicita o título, inclusive palestras sobre a cozinha do Grupo de Bloomsbury (sofisticadíssima). Esta vai até 26 de outubro. E na loja do museu objetos relacionados à mostra, os mais charmosos: broches, pulseiras, lenços, cerâmica, livros, gravatas, discos… Uma verdadeira indústria.

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