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||Créditos: André Giorgi / Revista J.P

Circular por aí com um skate criado por você mesmo ou se arriscar na cozinha para ver seu próprio pão sair do forno… Enquanto o mundo grita “fast”, quatro paulistanos querem mesmo é desacelerar o ritmo e colocar a mão na massa

Por Thayana Nunes para a Revista J.P de setembro

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Eric Ennser||Créditos: André Giorgi / Revista J.P

CABE NA MOCHILA

Para encarar as ruas e ladeiras da cidade, Eric Ennser, 31 anos, só sai de casa com seu skate. Mas não é qualquer um. O modelo, feito com um tipo de madeira chamada compensado naval, foi criado e desenvolvido pelo próprio arquiteto, um apaixonado por marcenaria que largou os projetos de grandes edifícios para assinar mobiliários cheios de estilo. Esse espírito livre, de sair com um transporte que cabe na mochila – e que aguenta uma pessoa de até 80 quilos, garante ele –, surgiu após uma temporada na Alemanha. Foi lá que descobriu a fórmula perfeita para se viver bem em uma capital como São Paulo: “A vida tem de caber dentro do raio de uma milha. Precisamos morar perto do trabalho, dos bares, dos amigos… Onde o carro não é necessário”. Seus dotes não param por aí: no dia do clique para J.P, ele esperava a equipe com um bolo de pão de mel que acabara de sair do forno. Desde a infância, Eric aprendeu que fazer ponto cruz, costurar e cozinhar não são só coisas de menina. “Estudei com a pedagogia Waldorf, tive muita aula de arte e atividades sem distinção de sexo.”

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Manuela Alcantara Machado||Créditos: André Giorgi / Revista J.P

DEDAL

No sofá ao assistir um filme, na praia enquanto toma sol com as amigas ou no avião. Não importa o local: lá está a designer Manuela Alcantara Machado, 30 anos, com seu kit de bordado ou de crochê. Professora de artes para crianças e adolescentes em São Paulo, Manu faz das linhas e agulhas protagonistas de seu tempo livre. Borda almofadas para decorar seu charmoso apartamento e quadrinhos para dar de presente, tricota mantas fofas coloridas… “É como se fosse um mantra para limpar a mente”, diz. Aprendeu sozinha mesmo, uma brincadeira que virou hobby e até ajudou no tema de seu mestrado na Art Education, em Nova York: “Você consegue fazer algo assistindo a um tutorial pela internet ou precisa de alguém te ensinando?”. A conclusão de sua tese? “Para aprender assistindo a um vídeo do YouTube é preciso ter muita, mas muita disciplina”, brinca. O gosto pelo artesanato é tanto que ela nem tem esquentado a cabeça com a organização de seu casamento com Marcos Levy, que acontece em dezembro deste ano: muitos dos detalhes da decoração serão dela. Moça prendada.

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Bruna Menezes||Créditos: André Giorgi / Revista J.P

TRAÇO FINO

“Não preciso de uma máquina.” Para Bruna Menezes, 25 anos, esse é o sentimento que domina uma nova geração de designers que têm buscado na caligrafia um sentido para a profissão. “Estamos rodeados de tanta tecnologia que acabamos saturados. O traço à mão dá uma cara única ao trabalho”, conta a paulistana que cresceu rodeada de lápis de cor e vivia preenchendo cadernos com desenhos coloridos. Há um ano, Bruna criou a própria marca, a Serifa, e hoje se divide entre trabalhos de grafite, de design social – ela já participou de uma ONG que construía casas populares para famílias de baixa renda – e as pinceladas cheias de poesia em papel-canson. Suas criações ganham cada vez mais fãs, entre eles uma amiga que encomendou os 130 convites de seu casamento. “Sempre dei mais valor ao detalhe, ao feito à mão. Meu sonho é poder trabalhar só com isso um dia.”

Créditos: André Giorgi / Revista J.P
Alessandro Bergamin||Créditos: André Giorgi / Revista J.P

MÃO NA MASSA

O cheirinho de pão no hall de entrada já entrega: estamos no apartamento certo. A morada de Alessandro Bergamin, 41 anos, sua mulher, Maria Eduarda, e seu filho, Pedro, em São Paulo, é sempre assim. Lembra aqueles dias no sítio, a comida feita pela avó, o cafezinho tirado na hora… Tudo porque o arquiteto, dono de uma loja de objetos de décor, faz questão de preparar o próprio pão – padaria, nem pensar. Quando chega em casa após um dia de trabalho, ele relaxa mesmo entre tigelas e cadernos de receitas, testando novos ingredientes como alecrim, nozes, iogurte… Vale até pão de batata-doce, sabor que descobriu por acaso em uma de suas peripécias culinárias. “Fazer pão é uma arte misteriosa”, brinca. Difícil é imaginar que tudo começou porque Alessandro precisava mudar os hábitos alimentares. Agora, para fugir dos carboidratos comuns ao bom e velho pãozinho, ele utiliza farinha de trigo integral, ingredientes saudáveis e o processo de fermentação natural, que pode levar sete dias para ficar pronto. Coisa de profissional: Alessandro já tem até doma com seu nome.

 

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