Tem nome diferente pintando no universo da moda masculina. E ele é um legítimo representante dos Pataxós, povo indígena que vive, em sua maioria, na Bahia. Noah Álef nasceu em Jequié, trabalhava como ajudante de pintor e, em um momento em que o índio brasileiro vem sendo ainda mais desrespeitado, quer usar a nova profissão para dar visibilidade ao que de fato acontece com seu povo no Brasil. “Sou pataxó por parte de mãe, e quero que nossos traços e raízes sejam mais valorizados, além de chamar a atenção para os problemas que enfrentamos”, diz o rapaz de 20 anos, 1,85m e cabelos cortados no estilo típico do indígena brasileiro.
Descoberto nas redes sociais pelo olheiro Vivaldo Marques, Noah atualmente é agenciado pela Way Model e pretende se instalar em São Paulo assim que a temporada de moda for retomada por aqui. “Sonhava em ser modelo desde os 14 anos. Sou de uma família humilde, mas terminei meus estudos e planejava fazer faculdade quando apareceu essa oportunidade”, lembra ele que, apesar da formação escolar, não abandonou suas raízes e se comunica também usando o idioma patxóha, do tronco linguístico macro-iê: “Temos traços muito diferentes na nossa cultura, não só na pintura mas também na fala”.
Voltando às questões da comunidade indígena no país, cada vez mais discriminada e desacreditada, o rapaz desabafa: “Fico muito triste de ver esse genocídio dos povos indígenas, que, além de tudo, estão sendo colocados pra fora de suas terras. A cada ano que passa, nosso povo diminui. Também estamos sofrendo com as queimadas no Amazonas, Pantanal e outras regiões. Uso minhas redes sociais não só como ferramenta de trabalho, mas para compartilhar e alertar a todos sobre o que está acontecendo com o meio-ambiente e de temas específicos dos povos indígenas. Acho que a visibilidade dessa profissão é uma boa aliada para levantar questões importantes.”
Quando perguntado se sairia do Brasil para seguir uma carreira internacional, Noah não pensa duas vezes: “Sonho viajar o mundo, conhecer novas culturas, costumes e lugares. Amo o Brasil e minhas raízes estarão sempre comigo, não importa onde eu esteja”, finaliza ele que se diz muito grato a tudo o que está acontecendo na sua vida e, justamente por isso, sua palavra favorita em patxóha é ‘awêry’, que significa ‘obrigado’.
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