Pelé completa 80 anos nesta sexta-feira. O melhor jogador de futebol de todos os tempos e considerado o maior atleta do século XX encerrou a carreira há 41 anos e por este motivo poucos são os jovens que sabem quais foram as suas conquistas como esportista. E foi pensando nos jovens brasileiros que Gringo Cardia, cenografista e curador da exposição “Pelé 80 – O Rei do Futebol”, que acaba de ser inaugurada no Museu do Futebol, em São Paulo, criou a temática da mostra: “Tive a ideia de fazer uma exposição para a nova geração conhecer o Pelé. Ele é um superatleta, o maior de todos os tempos, só que os mais jovens só sabem dele atualmente pelo que os pais e avós contam. Renovar a história dele para este público, mostrar quem é o Pelé, a sua capacidade técnica e esportiva, revelar a história de um homem pobre e negro que conquistou o mundo 70 anos atrás mostra que existe a possibilidades de justiça social e serve de ajuda à população”, revela Gringo em conversa exclusiva com o Glamurama.
A exposição, que seria aberta ao público em março, foi pensada para atrair os mais novos, por isso, o uso da tecnologia fez parte desde a concepção da homenagem. Mas a chegada da pandemia trouxe outro desafio para os produtores da mostra, que precisaram adaptar o espaço à realidade: “Neste tempo ficamos estudando como transformar a exposição, pois hoje tudo é interativo, pode tocar. A chegada da pandemia acabou com isso e tivemos que criar uma interface interativa por meio do celular de cada visitante ou com o uso de tablets do museu que são constantemente higienizados, além de criar um circuito que respeitasse as regras de distanciamento. A vida agora é assim”, explica o curador.
Para Gringo, Pelé é um herói brasileiro e nas pesquisas que fez para esse trabalho descobriu que o jogador sempre foi um homem aplicado, estudioso, nerd: “Quando você estuda a história dele, que vai muito além da sorte, encontra um garoto que desde cedo estudou muito e se aprofundou no que queria ser e fazer. Então, ele também é inspiração para valorizar a educação, que um país não sobrevive sem ela. Para ser um astro reconhecido tem que ser muito bom e para isso tem que estudar e não fazer por fazer, mas se aprofundar”.
Outra boa surpresa para o cenógrafo foi descobrir como o mundo reverenciou Pelé: “Ele foi condecorado cavaleiro nobre o Império Britânico pela própria Rainha Elizabeth II, o Nelson Mandela fez um discurso para o Pelé dizendo que ele era inspiração para jovens do mundo, que levou esperança em lugares onde existia desespero, todos os presidentes dos Estados Unidos, exceto o Trump, homenagearam o Pelé, pois acreditavam na cultura e reconheceram suas conquistas”, conta Gringo.
Cultura pós-pandemia
Gringo Cardia é artista visual e um dos principais profissionais da cultura brasileira. Ao longo de sua carreira criou mais de 150 shows, além de curadorias, colaboração para ONGs e administração da Spetaculu, escola sem fins lucrativos, no Rio, que fundou ao lado de Marisa Orth, e oferece formação e inserção profissional no mundo dos espetáculos e da indústria criativa para jovens de 17 a 21 anos da rede pública de ensino. Na área desde a década de 1990, ele explica ao Glamurama como o mercado cultural vai se comportar depois da pandemia: “Difícil ter certeza, mas é fato que o audiovisual explodiu e vai crescer mais que o ‘ao vivo’, já que não sabemos quando vai voltar ao normal. Claro que vai mudar o perfil de alguma maneira, fazer teatro e show será complicado até o ano que vem, mas a produção audiovisual – a tal revolução da internet – chegou como parte do cotidiano da gente e agora ela é fundamental, necessária e questão de saúde”, analisa ao citar como o setor cultural vai se reerguer: A comunicação será ainda mais online. O presencial sempre vai ser legal, mas a cultura vai ter que se direcionar para web. Eu já estou fazendo peças online – mistura de teatro com cinema – é uma nova linguagem”, e conclui: Por enquanto, as pessoas não vão querer correr o risco por isso o audiovisual vai se desenvolver. Quando tiver mais segurança, claro que as apresentações com público vão voltar porque tem um carisma único. Os museus e lugares mais controlados terão um boom, enquanto os lugares que geram aglomeração não voltam ao normal tão cedo. Esse tempo trancado ajudou a gente a ter mais calma e atenção.”
SERVIÇO:
Pelé 80 – O Rei do Futebol
A partir de 15 de outubro de 2020
Ingressos: https://is.gd/IngressosPele
Estádio do Pacaembu – Praça Charles Miller, s/n, São Paulo
De quinta a domingo, das 13h às 19h
Acesso exclusivamente mediante compra antecipada de ingresso com horário marcado, pelo Sympla – mais informações em www.museudofutebol.org.br
Ingressos: R$ 20,00 Inteira | R$ 10,00 Meia