Costanza Pascolato visitou a Casa Glamurama na última semana para gravar o programa “Que Loucura é Essa?”, com Joyce Pascowitch, que vai ao ar em breve na TV Glamurama. Mezzo italiana mezzo brasileira, a consultora de moda mantém uma agenda agitada, muito por conta da fábrica de tecidos de sua família, a Sta. Costanza, na qual assina a direção criativa. Glamurama, que é fã dela até nas mídias sociais, logo foi atrás de dicas para ser cool online: “Você tem que pôr alguma coisa que seja muito diferente e que tenha uma conexão com algo daqui, senão parece que você esta no outro mundo, sabe?Mas semanas de moda eu não posto porque é a minha profissão. Online, eu estou em um mundo paralelo (risos”, disse a papisa fashion enquanto assistia em seu iPhone o desfile da Gucci, que tinha acabado de acontecer em Milão. “Este turquesa é interessante”, comentou salvando a foto. Sobre a nova fase da marca italiana, opinou: até admiro a mudança que ele (Alessandro Michele) fez, mas pra mim é um pseudo vintage que me envelhece. Gosto, mas nas passarelas.”
Temporada de moda
Em meio às principais semanas de moda do mundo, as tendências para o inverno 2016 internacional também estiveram em pauta. “”É um momento de grande mudança. Tudo o que era estabelecido em termos globais está sendo chacoalhado. A Europa está mudando por causa dos imigrantes, mas não é só isso. É uma questão geral. A democracia também está um pouco atrapalhada. Você olha para os EUA e vê que tem alguma coisa que não está no contexto que a gente aprendeu na história. A moda não está completamente alinhada com estas mudanças. O que acontece hoje é que ninguém sabe direito o que fazer. É uma coisa de pasmaceira, só que tem que andar. Cada uma das empresas que hoje se apresentam nas semanas de moda têm uma realidade diferente. Uma é menor, a outra maior, uma vende bem na internet, a outra não…”
See-now, buy-now
Sobre o novo formato da moda adotado por marcas ao redor do mundo – colocar a coleção à venda logo após o desfile, a consultora de moda discorda: “O público se acostumou a entrar nas lojas e encontrar uma coisa nova o tempo todo por causa da velocidade da internet. Acho que uma hora será preciso dar uma neutralizada nessa velocidade, ou então lançar menos coisas por vez. Essa velocidade resulta em roupa demais. A coisa da rapidez começou com o fast-fashion que já tem quase 20 anos. Foi uma revolução básica, porque tirou a sazonalidade dos lançamentos. Hoje, existe um exagero em tudo, tanto no fast-fashion quanto no luxo e no intermediário.”
Nova era do luxo
“Antes, a definição do luxo era o que era raro e caro. Hoje, o luxo é simplesmente caro, porque de raro já não tem mais nada.” Sobre a solução encontrada pelas marcas para valorizar seus produtos deluxe, Costanza diz: “Eles colocam um estilista que tem um certo renome e aumentam a mística por trás de um produto que já é banalizado, com todo respeito, e cobram caro demais por eles. É uma questão de mudança de identidade. De um lado, há uma exaustão, de outro, eles não sabem direito que fatia do luxo pegar.” Mas não é o fim do mundo não, tá? “É preciso reciclar tudo e entender como cada uma das empresas trabalha. Gestão mesmo, não mais inspiração. Isso acabou.”
Bye, Herchcovitch
A saída de Alexandre Herchcovitch de sua marca não deixou Costanza tão surpresa. “Eu fico triste, mas acho que ele sempre fez uma moda autoral. Esses mega grupos têm uma gestão diferente. Convidam pessoas que administram outras coisas para administrar moda. Acho que a Inbrands – grupo controlador da marca Herchcovitch; Alexandre – não precisa de alguém tão autoral, porque o público pede uma moda mais acessível, que todo mundo compreenda, mais popular mesmo, ou então essa coisa brasileira, bem sexy. É um momento sísmico, de grandes mudanças.”
Moda no Brasil
Desiludida com a moda brasileira, Costanza desabafa: “São sempre os mesmos, né? Hoje eles são um nicho. Nicho é nicho, é pequeno. Um grupo que entende o que faz. O resto, não entende nada. O Brasil vive um momento muito complicado, pois estamos em uma situação tão absurdamente desorganizada e caótica que acho que o Reinaldo Lourenço faz milagre. Além dele, tem também outros que aguentam segurando o próprio taco – como Gloria Coelho -, que não podem crescer mais.”
Pretinho básico
A pergunta que não quer calar: por que ela usa tanto preto? “Primeiro porque é mais pratico, nem suja tanto e me emagrece, e depois os japoneses, aqueles dos nos 80 [ se referindo a um movimento encabeçado por Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo e Issey Miyake] falam que no fundo o preto está relacionado a um recolhimento.”
Nova Safra
Claro que não deixamos de perguntar a sobre quem são os melhores designers da nova safra da moda brasileira. “Gosto de umas pessoas jovens, que ninguém conhece, e porque eles são de uma geração nova, muito antenada na moda: Simone Rocha, filha de John Rocha, e o vietnamita Demna Gvasalia, que acaba de assumir a Balenciaga e que trabalhava com Dris van Noten. São designers que a gente gosta porque têm uma linguagem nova, mas que têm que se provar ao longo das estações.” Já sua nova marca queridinha? “Adoro a Cos, da H&M”. Anotou?