Por Bruna Narcizo para revista PODER de março
Nascido em São Paulo, e radicado nos Estados Unidos, Neeleman já possui histórico na aviação. Em 1998, fundou a JetBlue, nos Estados Unidos, com o conceito de aviação com baixo custo com qualidade – chegou a criar o bilhete eletrônico e televisões individuais para comodidade dos passageiro –, o que obrigou a concorrência a se adaptar.
Mesmo com uma carreira bem-sucedida nos Estados Unidos, o empresário quis fundar Azul Linhas Aéreas Brasileiras em uma época em que duas empresas (TAM e Gol) tinham quase 90% do mercado aéreo no Brasil. Mórmom fervoroso, voltou ao Brasil em 1978, com apenas 19 anos, como missionário da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Percorreu e conheceu as regiões pobres do Nordeste. “Fiquei chateado porque vi e convivi com um povo que não tinha nada. Percebi que a economia brasileira era voltada para as classes A e B. De lá para cá, as coisas evoluíram bastante, é verdade, mas ainda havia pouca gente viajando de avião”, relembra. Viu ali uma grande oportunidade de negócio – principalmente por ter dupla cidadania, já que a legislação brasileira proíbe que estrangeiros sejam donos de empresas aéreas. “O David conhece as dificuldades daqui. Por isso, pode e já está fazendo muito pela aviação nacional. É uma pessoa de brio, que vem para competir e para ganhar”, elogia Guilherme Paulus, fundador da GJP Hotels & Resorts e da CVC.
Neeleman é reconhecido por muitos como visionário, empreendedor e bem-sucedido. Com a estratégia de operar em aeroportos menores e que não tinham voos regulares, Nesses 7 anos de existência da companhia, a Azul já é a responsável por um terço de operação de voos em território brasileiro. Eleito como um dos 100 homens mais influentes do mundo pela revista Time em 2004, sua empresa é responsável por 25% dos 110 milhões de brasileiros que viajam de avião atualmente. Desde que fundou a companhia, Neeleman viu duplicar o número de passageiros. “Hoje, se a pessoa se programa, pode pagar o equivalente à tarifa de uma viagem de ônibus ou até menos para voar conosco”, argumenta. “Meu objetivo sempre foi fazer as pessoas que viajavam de ônibus ter a opção de escolher o avião”, completa.
Pai de nove filhos, Neeleman leva uma vida sem luxos entre São Paulo e New Canaan, em Connecticut, onde sua familia hoje reside. Sua maior motivação é trabalhar para que seus 26 mil tripulantes (11 mil da Azul e 15 mil da JetBlue) digam que têm o melhor emprego da vida. “Para isso, cuidamos muito bem de nossa gente. Pagamos bons salários e oferecemos muitos benefícios. Se os funcionários não estão satisfeitos, os clientes sentem”.