A vida de Daniela Albuquerque segue o enredo de Cinderela: ela chegou aonde queria e conseguiu seu lugar ao sol
Por Thayana Nunes para a Revista J.P de agosto || Fotos: Maurício Nahas
Difícil não comparar a história de Daniela Albuquerque com um conto de fadas, aquele da pobre menina que saiu de uma cidade pequena e venceu na vida. A apresentadora, e primeira-dama da RedeTV!, nasceu em Dourados, no interior do Mato Grosso do Sul, em uma casa que não tinha nem chuveiro, cresceu fazendo seus próprios brinquedos, e usando um único par de sapatos. Hoje, Dani tem uma brinquedoteca para suas duas filhas, Alice e Antonella, e não tem a menor ideia de quantos Miu Miu, Prada e Christian Louboutin moram no seu closet. “Nunca contei, viu? Acho que foi pelo trauma de infância!”, diz ela, em tom de brincadeira, para a J.P, enquanto prepara sua cabeleira – de fazer inveja, por sinal – para as fotos deste ensaio. Aliás, demorou um pouco para a produção e styling definirem o que fazer com tanto cabelo. Preso ou solto, rabo ou coque, meio bagunçado ou mais clássico? Para ter uma ideia, Dani sempre precisa de duas pessoas para fazer sua escova nos dias das gravações do Sensacional, programa que apresenta há dois anos na emissora do marido, Amilcare Dallevo. “Tem gente que acha que é aplique, sabia? Eu nem ligo!”
“Sou louca por joias e tudo o que brilha”
A verdade é que muita gente acha muita coisa sobre Daniela Albuquerque. E olha que ela sabe disso. Fez anos de terapia para conseguir falar hoje: “Podem pensar o que quiser de mim. O importante é o que eu penso sobre mim”. Ponto. E, para quem nunca soube nada, aqui vai: Dani começou a estudar Direito, mas sempre quis mesmo ser modelo. Veio para São Paulo aos 19 anos e participava de programas de televisão como, acredite, o de Luciana Gimenez – com quem agora divide as atenções, já que Luciana é mulher do vice da RedeTV!, Marcelo de Carvalho. Conheceu Amilcare durante um jantar no A Figueira Rubaiyat, restaurante chic dos Jardins, e papo vai, papo vem, descobriu que ele, antes da emissora, fazia promoções na televisão sorteando prêmios pelo 0800. Parece mentira, mas Dani, quando tinha 14 anos, fez duas ligações e ganhou um carro de “Amilcare”. “Foi uma supercoincidência. Por isso, acredito que nada nesta vida é por acaso”, afirma. Vinte e cinco anos mais velho, ele não esconde de ninguém que foi amor à primeira vista. Já ela demorou um pouco. Precisou ser cortejada. Agora, lá se vão 13 anos juntos, três de namoro e dez de casamento, e muitas críticas pela diferença de idade – as pessoas dizem que ela deu o golpe da barriga. “Eu vivi meu casamento, entende? Viajei, curti e as minhas filhas foram muito planejadas. Sabe quantas vezes a gente dormiu separado? Se foram cinco foi muito!”, conta, mandando recado para quem adora falar de sua vida: “Vai coçar macaco!”. Dani é assim: durante todo o papo com a revista, brincou, soltou frases do tipo “se achar cocô do cavalo do bandido” ou “síndrome de cachorro vira-lata”. Ela é divertida e autêntica. Não nega de onde veio nem fica vermelha ao dizer que “tudo o que reluz é ouro” e que agora é louca por joias e brilhos – até mostra a pinça que carrega na bolsa, cheia de cristais Swarovski. “Leonina é ego, né?”, justifica. Dani adora comprar. E diz que “quando compra, compra bonito”. “Dou até nota promissória! Parcelo mesmo. Para mim é de dez vezes pra cima”, brinca. “As pessoas querem me dar desconto, 10% à vista, e eu falo: você acha que eu sou traficante? Quem tem dinheiro assim à vista é traficante! Trabalhador não tem esse dinheiro para dar não.”
“Gosto muito de comprar parcelado: tudo em dez vezes”
“A mulher tem de ser inteligente, quem manda na minha casa sou eu”
Dos tempos no Mato Grosso do Sul, lembra quando passava horas tomando tereré e chimarrão – bebidas típicas da região que agora bebe enquanto aproveita o sol no seu iate, devidamente ancorado em Capri. Ficava conversando sob uma árvore naquelas cadeiras de fio de plástico, vendo a vida passar. “Às vezes até rolava um violãozinho”, relembra. Mas a vida mudou muito lá em Dourados: ela acredita que a violência, assim como em São Paulo, aumentou bastante na cidade, que quase faz fronteira com o Paraguai. Por aqui, anda de motorista e com carro blindado. Quando não está trabalhando na emissora, não põe o pé para fora de sua mansão em Alphaville, uma das maiores do Brasil, diga-se de passagem. Um dos motivos é que ela gosta de cuidar da casa: comanda uma trupe de funcionárias, mas é muito organizada e tem orgulho de dizer que é muito boa de faxina e sabe arear panela. Ali, faz aulas de ioga, de inglês, de muay thai e estuda história com uma professora pelo Skype. Não que ela tenha medo de sair. Só acha mais prático fazer tudo por lá. Sobre o governo do atual prefeito, João Doria, ela está gostando do que está vendo. “Acho que o Brasil tem de ser administrado como se fosse uma empresa mesmo. E ele é um cara que eu vejo que está fazendo, dando exemplo.” E complementa: “Tinha de existir uma faculdade para ser político. Senão, só entram essas curva de rio. Para mim, os políticos deveriam ganhar muito bem, inclusive o presidente”.
“Sou muito boa de faxina e adoro arear uma panela”
MAIS MUNIÇÃO
Depois de falar de política, ela engata um papo sobre as pautas da vez: machismo e empoderamento feminino. Primeiro, se engana quem pensa que ela não ganha salário por ser mulher do dono da emissora. Dani começou como repórter, deu a cara a tapa entrando ao vivo ao cobrir um Carnaval e já está no quinto programa na TV. Ela diz que deita tranquila no travesseiro, porque acredita que tudo o que conquistou não teve a mão de Amilcare. “Podem pensar o que for. Acho a sociedade brasileira machista. Muito ainda”, diz ela, que exemplifica: “Todo mundo é assim, é cultural. Tem gente que fala: ‘Ai, eu adoro gay’. Mas aí é legal só o filho do vizinho.” Sobre o empoderamento feminino, ela acha “o máximo”. Mas com ressalvas. “Não é para ficar de terno e gravata 24 horas. Tem de ser feminina. Homem gosta disso, ele gosta de ser cordial. Deixa ele pagar a conta do jantar. Você não vai ser menos por isso.” E finaliza, brincando: “Acho que a gente é muito mais do que eles. Mas temos de relaxar mais no relacionamento. A mulher tem de ser inteligente. Quem manda na minha casa sou eu!”.
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