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O advogado Kakay na Casa Glamurama Trancoso, neste sábado || Créditos: Paulo Freitas
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, no Quadrado, em Trancoso // Crédito: Paulo Freitas

“Enquanto estou aqui conversando, estou trabalhando também”, falou Antônio Carlos de Almeida Castro, o famoso Kakay, em entrevista ao Glamurama no fim de tarde deste sábado. O advogado criminalista mais célebre do Brasil escolheu Trancoso para passar a virada de ano pela primeira vez, mas, apesar do aparente relax, ele espera, entre a noite deste sábado e amanhã, boas notícias sobre o caso de João de Deus. É ele quem está cuidando do pedido de habeas corpus do médium, preso após ser acusado de abuso sexual e posse ilegal de arma.

Nessa quinta-feira veio a primeira boa notícia para o advogado e seu cliente: a justiça concedeu prisão domiciliar a João de Deus por posse ilegal de arma, mas ele segue na prisão por violação sexual. “Sou só advogado na questão específica da liberdade. Acho que a prisão é teratológica, absurda, porque não existe fundamento”, explica ele. “Para ter a prisão você tem que ter fundamentos que sejam excludentes da excepcionalidade que existe.” O que fundamentou a prisão de João de Deus, Kakay divide em três pontos:

Espetacularização
“Em primeiro lugar, é o que se chama de espetacularização, a superexposição da prisão. Isso evidentemente não pode ser motivo, senão você daria a uma televisão, a um jornal o direito de prender alguém.”

Indução ao erro
“O segundo ponto é o fato que ele teria movimentado 35 milhões de reais para fugir. Isso foi comprovado que era falso, foi uma indução ao erro. Ele não movimentou esse dinheiro. Ele tinha esse dinheiro aplicado e manteve aplicado. É gravíssimo fazer essa indução ao erro, principalmente porque ele se entregou, o que fragilizou qualquer argumento de que ele teria tentado fugir.”

Possibilidade de agressividade
“O terceiro argumento é a possibilidade de que ele teria agido com agressividade contra alguém. Isso é uma covardia, eu diria, porque partiu do comentário de uma amiga a uma senhora que fez registro de boletim de ocorrência e teria dito assim: ‘É arriscado porque ele poderá ser agressivo com você’. Então ele não foi agressivo. Foi uma pessoa que supôs que isso poderia acontecer. Evidentemente inão pode servir como base para uma prisão.”

Kakay analisa que poderia ir além neste caso: “Eu até teria pedido a liberdade plena – não sou advogado do processo de João de Deus. Isso é uma coisa que combinei com Alberto Toron (advogado que está defendendo o médium no momento), que eu só advogaria na negociação da liberdade. Não estou discutindo nada do processo dele. Estou tentando ver se de hoje para amanhã consigo uma liberdade junto ao Ministro [Dias] Toffoli. E nós estamos pedindo, veja bem, a prisão domiciliar, porque ele tem problemas graves de saúde, então acho que essa tem que ser o acordo.”

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