Conversa com Day Molina: uma jornada pela representatividade na moda brasileira

Day Molina, primeira mulher do Brasil a falar sobre a representatividade indígena na moda, tem se destacado no mercado não apenas por suas criações, mas também por seu compromisso social. Como mente criativa por trás da marca Nalimo, Day traz suas raízes e ascendência como fonte de inspiração para suas peças, marcando uma presença autêntica e significativa no cenário da moda contemporânea.

Com mais de 15 anos neste setor, Day é não só uma estilista, mas também uma ativista comprometida com a valorização do feminino e com a busca por mudanças na indústria da moda. Sua trajetória é notável, almejando tornar a moda um espaço mais inclusivo e acessível, que celebre nossa rica diversidade étnica e cultural. Além disso, Day tem liderado projetos colaborativos significativos.

A mais recente empreitada de Day é uma collab com a PICCADILLY, resultando no lançamento de uma coleção exclusiva de calçados que busca reforçar os aspectos ancestrais e a representatividade da cultura brasileira e convida as mulheres a abraçarem o bem-estar enquanto celebram sua autenticidade.

Em uma entrevista exclusiva para o GLMRM, Day compartilhou detalhes e inspirações para a nova coleção, ao mesmo tempo em que destacou como a moda tem sido uma poderosa ferramenta de transformação social em suas mãos.

Day, como a primeira mulher no Brasil a enfatizar a representatividade indígena na moda, como você vê o impacto dessa iniciativa no cenário atual da moda brasileira?

Minha perspectiva de moda não é só estética. É também um pouco de antropologia. Parte da necessidade de construirmos um cenário de moda mais saudável, democrático, diverso e real. Que expresse nossa cultura, nossa gente, nossas histórias. O sentido da moda para mim não é apenas de uma estilista que cria, mas de uma ativista pensando a moda com propósitos sociais. E consequentemente, levar mais entendimento e quebra de estereótipo em tudo que faço.

 

Você pode compartilhar conosco o processo de inspiração e criação por trás das estampas exclusivas que desenhou para a coleção em colaboração com a PICCADILLY?

Gosto de pensar em criações atemporais. Coloco minha criatividade em favor do tempo, para ultrapassar a ideia tendenciosa de que um produto bom pode sair de moda. Os calçados que desenvolvi vão desde o básico até estampas étnicas que representam a força da cobra coral ou a irreverência dos povos andinos. Minhas criações com PICCADDILLY, estão pautadas em conforto, liberdade feminina e autenticidade. Eu sou uma mulher livre me movendo no mundo. E gosto de pensar o quanto tantas mulheres se identificam com isso e ganham novos espaços a partir dos movimentos que fazemos.

 

 

Como você vê a evolução da moda brasileira em termos de inclusão e diversidade, e qual papel você espera que sua colaboração com a PICCADILLY desempenhe nesse processo?

Estou mostrando ao mundo o quanto é potente uma mulher como eu (de origem indígena) ter o seu trabalho reconhecido por seu talento. A PICCADDILLY é uma dessas empresas inteligentes que abraça uma collab nacional com Day Molina. Acho que não há nada mais interessante e contemporâneo que isso. Uma empresa disposta a encorajar mulheres só tem a ganhar. Que seja uma inspiração importante para quebrarmos estereótipos e preconceitos.

 

Você enfrentou desafios ao introduzir temas indígenas na moda mainstream? Como está sendo esse processo?

Toda conquista individual é resultado de lutas coletivas. Na prática, todo movimento de mudança é importante (não apenas para pessoas indígenas), mas para toda sociedade. A diversidade nos faz melhores em tudo. O mundo precisa de mais pessoas fazendo coisas de forma inovadora e sustentável.

 

Sair da versão mobile