Com adaptação de grandes textos da literatura, o diretor Luiz Fernando Carvalho faz da televisão um veículo de obras-primas.
Da Revista PODER de fevereiro
Por Raul Duarte
Como acontece com praticamente todo mundo, Luiz Fernando Carvalho também era indeciso sobre a carreira que gostaria de seguir. Chegou a cursar arquitetura e letras, e nutria ainda uma paixão pela medicina. “Sonhava em ser cardiologista”, conta. De certa forma, a profissão que escolheu mexe com o coração. “Ser diretor é transmitir emoções da melhor forma possível”, diz o diretor de séries e de novelas na Rede Globo.
Seus primeiros trabalhos na TV foram em 1985 como diretor-assistente em O Tempo e o Vento e Grande Sertão: Veredas, e já revelavam o gosto de Carvalho pelos clássicos. “Meu pai era engenheiro e tinha uma estante cheia de livros. Isso me fez tomar gosto pela leitura.”
No currículo desse carioca de 56 anos estão adaptações da literatura para a linguagem televisiva, como a série Os Maias (do romance de Eça de Queirós), A Pedra do Reino (inspirada na obra de Ariano Suassuna) e Capitu (de Dom Casmurro, de Machado de Assis). Sua última empreitada foi a minissérie Dois Irmãos, feita a partir do livro homônimo de Milton Hatoum.
O diretor capricha na linguagem visual e esse perfeccionismo ficou evidente em sua última novela, Velho Chico. “A melhor homenagem a Domingos (Montagner, que morreu durante a novela) é ter feito um trabalho em que ele, certamente, se orgulhou de ter tomado parte.”
Satisfeito com Dois Irmãos, que considera sua obra mais madura, Carvalho pretende encarar Clarice Lispector com A Paixão Segundo G.H. “O livro traz questões pertinentes para a TV. Muita gente só tem acesso a esse nível de cultura desse modo.”
Diretor: Luchino Visconti
Autor: Benedito Ruy Barbosa
Arte: vida!
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