O verão de 2016 na Côte D’Azur chegou ao fim com uma festa de arromba bancada pelo multimilionário e colecionador de arte israelense Jose Mugrabi, que convidou mais de 600 pessoas para assistir a troca de alianças entre seu filho, Alberto “Tico” Mugrabi, e a socialite americana Colby Jordan. Mas o casamento bem que poderia ter entrado para a história como uma das maiores reuniões de bambambãs do mundo das artes daquele ano: marcaram presença no mega-evento, que teve como palco o icônico hotel Eden Roc de Antibes, colecionadores como Aby Rosen e Peter Brant, o dealer nova-iorquino Jeffrey Deitch, o leiloeiro da Christie’s Loic Gouzer, além de famosos da moda e do cinema, como Owen Wilson (um dos padrinhos do noivo), as gêmeas Mary Kate e Ashley Olsen, as tops Heidi Klum e Karlie Kloss, a atriz Sienna Miller e até a princesa Beatrice, neta da rainha Elizabeth II.
Em resumo, o regabofe foi uma combinação de algumas das maiores paixões de Mugrabi, que fez fortuna no setor têxtil da Colômbia, para onde se mudou quando tinha 16 anos: luxo, celebridades e conversas de pé de ouvido sobre quadros e afins que, quando bem garimpados, podem se transformar em investimentos altamente lucrativos. Que o diga o próprio Mugrabi, dono de uma coleção particular que inclui mil trabalhos de Andy Warhol (a maior coletânea de obras do artista americano nas mãos de apenas uma pessoa), além de outros assinados por nomes como Renoir, Picasso, Rodin, Ernst, Daumier, Damien Hirst, Jeff Koons e Jean-Michel Basquiat.
No caso deste último, parte do tesouro de Mugrabi poderá ser conferida a partir desta quinta-feira na exposição organizada pelo CCBB de São Paulo e intitulada simplesmente “Jean-Michel Basquiat: Obras da Coleção Mugrabi”, emprestada para a instituição mediante um “aluguel” de mais de US$ 1,5 milhão (R$ 5 milhões) exigido pelo empresário israelense pelo período de quase um ano e que também inclui o direito a exibi-la em Brasília, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.
A coleção de Mugrabi foi amealhada principalmente entre 1960 e 1980, e sãs raras as ocasiões em que ela topa ceder suas peças para mostras ao redor do mundo, embora pedidos do tipo sejam constantes. E olha que na maior parte do tempo, tudo fica guardado em dois grandes depósitos, um nos Estados Unidos e outro na Suíça, em ambos os casos bem longe do apartamento onde ele mora em Nova York, e vigiado 24h pelos melhores profissionais e mais modernos esquemas de segurança, claro.
Ao longo da última década, e principalmente por causa dos constantes recordes quebrados com os leilões de quadros de Warhol e Basquiat, Mugrabi se tornou um dos nomes mais citados do meio, ao mesmo tempo em que evita ao máximo chamar atenção. No casamento do filho Tico, aliás, os convidados foram informados de que
selfies e outras fotos estavam terminantemente proibidas. O motivo para tanta discrição é um só: a coleção dele é avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bilhões), o que o torna uma das maiores autoridades no mercado de arte mundial, e também em um alvo em potencial de ladrões e sequestradores que atuam em um mercado clandestino paralelo que, por si só, movimenta outras centenas de milhões de dólares por ano.
Nesse caso é melhor prevenir do que remediar… Durante o período em que a exposição fica em “terras brasilis”, uma verdadeira entourage de seguranças cuidará das obras full time. De qualquer maneira, os brasileiros podem se considerar sortudos pela exceção aberta por Mugrabi e São Paulo por ter ganho um dos melhores presentes neste aniversário de 464 anos. (Por Anderson Antunes)
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JEAN-MICHEL BASQUIAT: A COLEÇÃO MUGRABI
Centro Cultural Banco do Brasil. R. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651/3652. 4ª a 2ª, 9h/21h. Grátis. Até 7 de abril.