Conheça a professora por trás da escola de balé Cisne Negro

 

Créditos: Reinaldo Azevedo

Por Raul Duarte, da revista PODER de junho

Hulda Bittencourt completa 40 anos à frente de uma das mais importantes companhias de balé do país: Cisne Negro

“Meu coração não vai aguentar”, disse Hulda Bittencourt, hoje com 82 anos, ao falar da homenagem que a companhia de dança Cisne Negro fez para ela no mês passado com o espetáculo H.U.L.D.A., no Teatro Santander, em São Paulo. O diretor Jorge Takla conta que a ideia inicial era fazer um espetáculo sobre os 40 anos da companhia. “Queria algo mais humano, sobre a alma do Cisne Negro. E a alma é, com certeza, Hulda Bittencourt”, declarou. Com música  de Tchaikovsky, Ana Botafogo (primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro) e a mescla de algumas das mais conhecidas perfomances da companhia, a trajetória da professora e coreógrafa foi muito bem contada nos palcos.

Nascida em Santa Cruz do Rio Pardo, no interior do estado, mas criada na capital, Hulda sonhava ser bailarina desde criança, quando sua mãe costumava levá-la aos espetáculos em cartaz. Apaixonada pelo balé, dividiu seu amor com Edmundo, marido que vendeu uma fábrica e um terreno para que a mulher tivesse condições financeiras de abrir uma escola de dança. A professora ainda recorda muito bem do dia, em 1977, em que rapazes altos e fortes, da USP, entraram em sua escola procurando aulas de dança como atividade extra. “Eu me vi diante de pernas peludas e com uma musculatura totalmente diferente da que tinham as garotas com quem trabalhava”, lembra. Depois do encontro, Hulda sentiu-se inspirada a criar a Cisne Negro Companhia de Dança, que tem sua história contada no livro Cisne Negro – 30 Anos de Dança (Editora Retrato), escrito por Cássia Navas. “Jurava que não daria conta de ensinar rapazes, mas percebi que podia unir o vigor dos esportistas à técnica das bailarinas clássicas”, conta.

Hulda Bittencourt || Créditos: Reginaldo Azevedo

Quatro décadas depois, a Cisne Negro tem bailarinos espalhados pelo mundo, passou por 17 países e mais de 400 cidades. “É muita emoção lembrar tudo isso e pensar que, no começo, eu não pensava em criar uma companhia de dança. Eu tinha só a escola e a chegada desses rapazes foi o pontapé inicial de tudo.”

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