Cintia Dicker nunca sonhou em ser atriz. Não fez curso. Nada. No entanto, se prepara para estrear como tal no próximo dia 27, na Globo, em uma série chamada “Correio Feminino”, dentro do “Fantástico”, inspirada em Clarice Lispector e dirigida por Luiz Fernando Carvalho. Muita pressão? “O Luiz Fernando viu uma foto minha, caracterizada como Brigitte Bardot, bem anos 60, e me convidou. Minha agência nos Estados Unidos me liberou. Foi incrível gravar. Nunca tinha feito nada em TV.” Não ficou com medo de dar a cara a tapa totalmente inexperiente? “Muito! Foram duas semanas entre eu saber que estava escalada e o início do trabalho, no Rio. Pareceu uma eternidade. Estava bastante nervosa e ligava pra minha mãe o tempo inteiro. Quando conheci todo mundo, fiquei mais tranquila.”
* Vai investir na nova carreira? “No momento tenho muitos contratos como modelo, e também precisamos ver se vão achar que sou boa ou não, mas quem sabe…” Glamurama então foi saber que avaliação o diretor faz de Cintia. “Escolhi por causa do diferencial do belo que ela traz, com essa pele enferrujadinha, que as pessoas tendem a maquiar, mas eu acho linda. A Cintia sai um pouco do padrão da modelo normal e é muito expressiva. A convidei para um teste e vimos que tinha que ser ela. Para essa série [baseada nos textos de Clarice para uma coluna feminina de jornal, sob o pseudônimo de Helen Palmer, entre as décadas de 50 e 60], me inspirei muito nas propagandas de revista desse período. Eram páginas bem gráficas, com ausência de cenário e muita liberdade no uso da cor. Pesquisamos bastante o gestual das modelos nesses anúncios, então achei que tinha tudo a ver trabalhar com uma.”
* Perguntamos a Luiz Fernando sem rodeios: nasce uma atriz? “Essas coisas são uma invenção da mídia. Isso não existe. Um artista está sempre em nascimento, em movimento. Somos eternos incompletos. Posso dizer que ela iniciou a busca dela como atriz.” Cintia, de 26 anos, interpreta uma adolescente de 16. A linguagem é do cinema mudo, com uso de cartelas com os diálogos. Os figurinos são lindos e marcam bem a época, assim como a maquiagem. “São temas triviais do universo das mulheres, mas a verve é de uma delicadeza incrível. As questões continuam atuais”, finaliza Luiz Fernando.
Enquanto a série não estreia, uma das músicas da trilha sonora, para entrar no clima: que tal, glamurette?