Certas coisas são coincidência demais para não ser um sinal

Foto: Arquivo Pessoal

Lembro exatamente do momento em que terminei de ler “O alquimista”. Estava em um dos meus lugares preferidos do mundo em um final de ano com a minha família. Eu tinha começado a ler o livro muito antes daquele momento, mas por algum motivo resolvi retomar naquela época.

O que importa é que lembro exatamente da sensação que a leitura me proporcionou. Um quentinho no coração, uma força, uma confiança de que tudo acontece exatamente como deveria acontecer. A frase que rege toda a narrativa é “quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize seu desejo”.

Nunca cheguei a reler o livro, mas sempre guardei com muito carinho a sensação que ele me fez sentir e sempre passei a indicação para outras pessoas também.

Dois anos e meio depois de ter lido, e uns três meses antes de vir para a França, me deparei com o vídeo da influenciadora Vitória Fiore falando sobre ele. Ela começou falando uma das frases escritas por Paulo Coelho: “Nenhum coração jamais foi triste quando foi em busca de seus sonhos”. Por mais que eu lembrasse da história do livro, não me lembrava dessa frase em específico. Frase essa que fez perfeito sentido em me aparecer naquele momento.

Sempre sofri muito para tomar decisões difíceis, e meu pai me dizia com frequência que era natural toda escolha trazer uma renúncia, esperando que eu tentasse sofrer um pouco menos a cada escolha feita. Um dia, poucos meses antes de me mudar de país, estava sofrendo muito pelas renúncias que escolher morar fora estavam me trazendo.

Mesmo em meio às lágrimas, me lembrei da fé que tenho de que as nossas escolhas vão se mostrar as certas no momento ideal. E então lembrei também da frase do livro. Decidi abrir a gaveta da minha escrivaninha onde eu sabia que estaria “O Alquimista”. Pensei: “vou pegar o livro para reler todas as frases que sublinhei e ver como elas ressoam para a pessoa que sou hoje”.

Foto: Divulgação

Para minha surpresa, por alguma coincidência assustadora do destino, abri o livro e me deparei com uma foto minha ainda criança em Paris. Era uma das fotos reveladas que tenho da primeira vez que fui para lá. Não faço ideia de como ela foi parar dentro do livro, mas era coincidência demais para não encarar como um sinal.

Naquele momento parecia que a frase havia tomado forma e vindo me confirmar que a decisão tomada era a certa para mim naquele momento. Quando contei para a minha psicóloga, disse que foi quase que uma epifania da personagem principal, mas ri de mim mesma, reforçando que no final das contas era apenas uma coincidência. Ela me respondeu que as epifanias têm sentido porque damos significado e sentimento a elas. Inclusive, pesquisando na internet, descobri que epifania também pode ser um termo usado para a realização de um sonho difícil de realizar. Algo que cabe igualmente nessa situação.

Por mais genérico e otimista que pareça dizer que nenhum coração jamais foi triste indo atrás de seus sonhos, consigo entender o que aquela frase significa. Mesmo que o sonho não se mostre aquilo que imaginávamos, o coração estará feliz por termos tentado vivê-lo. Ou, ao menos, mais feliz do que se nem tivéssemos tentado.

Sair da versão mobile