Se você estava andando por alguma rua de Saint-Germain-des-Prés, por volta de 1971, é provável que tenha encontrado uma ou duas parisienses elegantes com um pingente dourado em formato retangular pendurado no pescoço. Essa peça promete voltar com tudo no pescoço das fashionistas nesta temporada. Isso porque a Celine acaba de lançar uma edição limitada de pingentes de compressão inspirados na obra do escultor francês César Baldaccini, em colaboração com a mulher do artista, Busuttil-Jansen, e a Fundação César.
Na produção – limitada – foram feitas 200 peças em ouro e outras 100 em prata, trabalhadas como uma escultura pessoal. Basta olhar de perto para ver que a joia da Celine é uma junção de panela muito quente, pilhas de correntes e pregos de diamante fundidos como fósseis. Esses pequenos totens eram réplicas de peças de arte feitas por César, que foi membro fundador do Nouveaux Réalistes, grupo que procurava honrar a integridade dos materiais cotidianos com os quais trabalhava.
Mais conhecido pelas esculturas maciças e compactadas que criou usando peças de carros sucateadas e prensas hidráulicas, César também trabalhou por um tempo em uma escala menor e muito mais pessoal. No início dos anos 1970, pediu a amigos e conhecidos que trouxessem joias não usadas e que estavam acumulando poeira nas gavetas. Transformou o lote em uma única peça de escultura moderna, que podia ser usada como acessório.
Essas compressões nunca foram mostradas em galerias, mas encomendadas na base do boca em boca nos círculos sociais de luxo. Agora, nas ruas de Nova York ou Londres, é possível ver essas ‘obras’ circulando novamente, com pequenas diferenças de suas versões originais graças ao resgate da Celine.
Stéphanie Busuttil-Janssen, presidente da Fundação César, que foi companheira e musa do artista até sua morte, em 1998, descreve as compressões como “cartões de memória”, que retêm também a essência de quem as usava anteriormente: “Ele gostava de reutilizar restos de coisas antigas, reciclando e dando uma certa sensação de renascimento e vida”, disse ela à “WM Magazine”. Para Busuttil-Jansen, a colaboração com a marca e o diretor artístico, Hedi Slimane, aconteceu de maneira natural, o que deixou o trabalho ainda mais similar ao original: “Foi como pingue-pongue, super fácil de trabalhar juntos”, disse. “Como artista, Hedi realmente queria respeitar o que César havia feito quando estava vivo”, completou ela.
Nada como ter uma obra de arte só sua e o melhor: poder usá-la por aí. As peças estão disponíveis no site da marca e custam por volta de 4 mil euros, cerca de 24 mil reais.