Carolina Jabor está cada vez mais mergulhada no universo feminino. Ela comemora nesta segunda-feira o lançamento da nova série do GNT “Desnude”, dirigida por ela e por Anne Pinheiro Guimarães e coproduzida pela Conspiração, que conta com equipe de criação e elenco 90% feminino. O projeto é uma extensão do Histeria das Galáxias, plataforma digital da produtora criada para dar voz às mulheres no audiovisual. “A gente quer mostrar mais coisas feitas por mulheres. ‘Desnude’ nasce junto com o Histeria, de uma vontade de trabalhar com o maior numero de mulheres possível”, explica Carolina ao Glamurama. São nove histórias de ficção inspiradas em relatos reais estreladas por nove atrizes diferentes, entre elas Clarice Falcão, Laura Neiva e Claudia Ohana, que promete mexer com o público ao colocar mulheres como protagonistas do próprio desejo e dizer a elas: viva o prazer sexual. Os episódios vão ao ar de segunda à sexta-feira, a partir de hoje, sempre às 23h30.
Além de “Desnude”, a filha de Arnaldo Jabor também lança no dia 12 de abril “Aos Teus Olhos”, longa protagonizado por Daniel de Oliveira que traz a tona linchamento social com o caso de um professor de natação acusado de ter beijado um de seus alunos. Ela está com tudo e nós estamos com ela. Confira abaixo nosso papo com Carolina.
Glamurama: Como você e Anne Pinheiro Guimarães tiveram o insight de criar uma série com elenco e equipe quase que exclusivamente femininos?
Carolina Jabor: “Aqui na Conspiração a gente tem uma plataforma chamada Histeria das Galáxias que é voltada pra dar voz ao maior número de mulheres no setor audiovisual. A gente quer cada vez mais mostrar coisas feitas por mulheres. ‘Desnude’ nasce junto com o Histeria, dessa vontade de trabalhar com o maior número possível de mulheres, tendo como um de seus principais tópicos o prazer feminino.”
Glamurama: Não acha que se isso virar moda pode se criar novamente um desequilíbrio no mercado – mulheres x homens?
Carolina Jabor: “Acho que não porque o desequilíbrio é tão grande que a gente tá só querendo equilibrar” (Risos). “A gente tá querendo que quem não tem oportunidade passe a ter, mas sou a favor da igualdade, não acho que é uma disputa. Esse projeto particularmente tem uma característica importante de ser feito. Não acho que todos os projetos tem que ser feitos por mulheres mas eu quis fazer esse dessa forma porque queria muito falar de sexo a partir da ótica feminina. Aí faz sentido um projeto criado e produzido por mulheres, porque a gente precisa desse olhar já que tudo o que envolve essa temática é produzido por homens para o público masculino.”
Glamurama: Você identifica caminhos equivocados na busca pelo empoderamento da voz feminina no showbiz?
Carolina Jabor: “Acho que não porque eu sou a favor da Anitta, por exemplo, fazer o clipe que ela faz. A questão é ter controle do que você gosta. Se a mulher tem controle disso, ela pode fazer o que quiser. A Anitta quer falar daquele jeito, vai lá e faz muito bem. É uma escolha dela, então isso é poder.”
Glamurama: Como foi feita a escolha das protagonistas?
Carolina Jabor: “A escolha foi muito ligada às historias que a gente criou. Fomos atrás de pessoas que se encaixavam na historia e traduziam o que queríamos dizer. Cada episódio é a cara da atriz que atua nele.”
Glamurama: Todas toparam de primeira?
Carolina Jabor: “Há pessoas que disseram que não estavam no momento. Pra fazer um projeto como esse você tem que estar inteira e aberta pra se entregar. Não pode ficar cheio de questões. A primeira coisa é você querer falar sobre esse assunto, a segunda é ter total liberdade de dizer o que quer ou não fazer em cena. A decisão de todas as cenas mais delicadas foi feita em comum acordo.”
Glamurama: Na sua opinião, qual é a discussão mais urgente dentro desse universo feminino que deve ser levada aos telespectadores?
Carolina Jabor: “Esse projeto não tem uma bandeira feminista. É um projeto feminino indiretamente feminista, que não tá levantando nenhuma bandeira, a não ser a do prazer. O foco de ‘Desnude’ é colocar a mulher como protagonista do próprio desejo, é sobre ter controle do seu próprio prazer. Recomendo que assistam no escurinho.”
Glamurama: Você está de acordo com a classificação indicativa de 18 anos dada ao programa?
Carolina Jabor: “Estou. Acho até que têm alguns episódios que adolescentes podem assistir, mas, em se tratando de TV, respeito a indicação.”
Glamurama: Seu pai é um grande cineasta além de um intelectual! Vocês trocam figurinhas com frequência?
Carolina Jabor: “Hoje em dia trocamos. Ele é meu educador artístico, me ensinou a beleza da arte. É um cara que me inspira muito. Nunca está muito presente nos processos do meu trabalho, mas tem grande participação no que faço hoje.”
Glamurama: Ele dá palpites?
Carolina Jabor: “Pouco… ele mais assiste. Meu marido Guel [Arrais, diretor de TV e cinema] dá mais palpite.”
Glamurama: Você e seu pai pensam em produzir algo juntos?
Carolina Jabor: “Espero que sim. Sempre penso em produzir filmes que ele tá afim de fazer e tenho vontade de fazer um filme sobre ele.”
Glamurama: O longa “Aos Teus Olhos” vai estrear no dia 12 de abril já com prêmios e indicações relevantes. Você tem medo da expectativa que se cria em torno disso?
Carolina Jabor: “Tenho medo sempre de tudo (risos). Mas saber que ele já foi apresentado, já foi falado, dá uma certa segurança, é mais fácil, mas ainda assim dá aquele frio na barriga.”
Glamurama: Como você espera que seja a repercussão do filme nos cinemas?
Carolina Jabor: “Quando mostramos o filme pela primeira vez no Festival de Cinema do Rio impressionou bastante por ele estar dentro de uma discussão atual sobre linchamento, então se ele trouxer essa discussão à tona, sobre pessoas que acusam sem ter provas, vou estar feliz.”
Glamurama: E o que gostaria que as pessoas refletissem com o filme?
Carolina Jabor: “Que as pessoas pensem sobre o pré-julgamento por meio das redes sociais. Quando você posta ou viraliza uma acusação julgando alguém antes das provas, tem que pensar muito antes de fazer isso. Você pode destruir a vida de uma pessoa e ela ser inocente.”
Glamurama: Qual foi o maior desafio deste projeto?
Carolina Jabor: “Acho que é fazer ficção sobre o mundo contemporâneo de forma genuína. Transpor a realidade para a ficção, desde as vestimentas até o comportamento, passando pela atuação e pelos defeitos da vida humana. Traduzir isso num filme é muito complexo.” (Por Julia Moura)