A temporada em Miami de Carolina Dieckmann tem feito bem à atriz. Mais leve, sem neuras, apaixonada pelo marido, com quem está há uma década, supermãe de um adolescente de 17 anos, de bem com vida e com o corpo e mais linda do que nunca. Só tem um assunto que ela quer resolver com o espelho…
Por Thayana Nunes para a Revista J.P de março de 2017 | Fotos: Fábio Bartelt (monster photo)
Um papo surreal tomou conta dos bastidores da capa deste mês. Era mais ou menos assim: “O que um espelho falante diria para você, Carol?”. “Humm… ‘Menina, para de se achar colorida!’” “Oi?” “Eu sou colorida. Tenho olho azul, cabelo amarelo, pele com cor. Adoraria me sentir uma garota só dourada. Tudo no mesmo tom. Aí eu ia ficar muito feliz.” A turma que está por perto se olha sem entender nada. Como assim, a Carolina Dieckmann, linda, que tem um Instagram superativo com selfies mil e cliques idem do corpo perfeito, acha isso? Bom, tem gosto para tudo, né? “Mas gente, eu não estou reclamando…”, finaliza, meio tímida, depois de perceber a indignação de todos. A declaração, meio sem querer, veio ao encontro com as cores e o tema deste ensaio, clicado por Fábio Bartelt: J.P queria a atriz assim, toda dourada e brilhando para mostrar a estrela que ela é. Afinal, já são 25 anos de carreira, sem nunca ter saído do imaginário do brasileiro. Carol começou na televisão em 1993, em Sex Appeal, e de lá pra cá foram vários sucessos. Quem não lembra da Camila raspando a cabeça em Laços de Família ou da vilã platinada Leona de Cobras & Lagartos? Sua vida pessoal também sempre esteve exposta: teve o casamento precoce com Marcos Frota, os amigos também celebridades, o bafafá sobre os quase 30 quilos que ganhou na segunda gestação e até as fotos íntimas vazadas na internet que rendeu lei com seu nome. Carol é famosa. Muito famosa.
Talvez seja por isso que ela não pensou duas vezes antes de aceitar se mudar para Miami com o marido, Tiago Worcman, há um ano. Tiago foi convidado para assumir o cargo de vice-presidente sênior da Viacom na América Latina, uma baita proposta, segundo ela. Junto com o filho José, de 9 anos – Davi, o mais velho, de 17, ficou no Brasil com o pai –, o casal está morando em um bairro bem americano e Carol pode ter, pela primeira vez, a vida de uma pessoa “normal”: leva José para a escola, estuda inglês, só anda de bike pela cidade, passa horas dentro de um mercado de produtos orgânicos ou simplesmente deita em um parque para ler. Deve ser uma delícia poder sair na rua sem ter alguém te apontando, né? “Sinto como se estivesse numa bolha de sabão voando em volta da minha vida. Eu não me conheço sem ser famosa. Essa é uma oportunidade de olhar e falar (Carol faz um gesto de bola com a mão e olha de cima): ‘Olha ali a Carolina Dieckmann, olha ali ela, sendo reconhecida’”, conta. Não que não tenha tirado uma selfie ou outra com algum fã por lá – afinal, estamos falando de Miami. Mas a mudança aconteceu mesmo por outro motivo: o amor. Quando o assunto é Tiago, Carol brilha ainda mais: “Estou lá muito pela gratidão por ele sempre ter sido um marido incrível e de tudo o que a gente plantou juntos”, diz ela, que acrescenta em seguida: “As mudanças que acontecem ao redor do amor são sempre boas. Isso é regar plantinha”.
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Nos últimos meses, ela ficou lá e cá: no fim de 2016, recebeu a proposta de estrelar uma nova série da Globo, 13 Dias Longe do Sol, que vai ao ar no segundo semestre. Também voltou para lançar o filme O Silêncio do Céu, uma coprodução Brasil e Chile que rendeu boas críticas para a atriz. Na história, ela é vítima de um estupro e faz um dos papéis mais fortes de sua carreira. No entanto, nada de falar que está “mais madura” profissionalmente. Ela não gosta. “Poxa, tudo o que eu faço é profundo, na TV, no cinema. Eu estudo pra caramba. Eu me entrego pra caramba. Para mim não tem isso”, diz ela, que bate na tecla do preconceito contra atores que fazem televisão. “Tem preconceito até para quem faz filme de comédia no Brasil. É muito barra pesada. Aí, quando você começa a fazer cinema, parece que você amadureceu. Tem gente do meio que pensa assim também.”
Conversar com Carol é inebriante: ela é boa de papo, topa falar de qualquer tema, sem neuras. Política: “Descobri que vários brasileiros votaram no Trump. Resistência com Hillary absurda. Essas coisas dos e-mails ferraram com ela. Americano é muito louco: acha isso ruim e o Trump chamando mulher de vagabunda, não. Machista, né?”. Terapia: “Fiz para me separar do meu primeiro marido. O amor acabar… Pensava: isso não é possível, devo estar louca”. Gravidez: “Não gostei de ficar grávida e passei por uma bad trip muito séria. Fiquei doente mesmo. Achava que meus filhos podiam nascer com uma coisa, eram pensamentos do tipo ‘como meu filho vai nascer neste planeta que não tem mais água?’”. Ela bem que poderia participar de um daqueles programas de bate-papo femininos, em que as mulheres soltam a voz, opinam, discutem. Já pensou nisso, Carol? “Cara, sou muito famosa e não preciso que todo mundo saiba da minha opinião, sabe? Acho que tem de ter um mistério.” Ok. A real é que Carolina Dieckmann, aos 38 anos, ‘muito colorida’, como ela mesma diz, nunca esteve tão de bem com a vida. E não importa que esteja longe da gente, ela continua brilhando por aqui. “Me falaram que esse papo na minha boca é fácil, mas acredito que a beleza não é uma coisa física só. Estou feliz, em dia com os meus dramas, com meus filhos, com o meu marido, com o que desejei. Isso te dá uma segurança, não de você ser alguém, se achar alguém, mas é um olhar, tipo: estou dando conta, sabe?”