Carolina Dieckmann está de volta. Bom, na verdade ela não foi embora exatamente. E nem voltou de vez. Desde que seu marido, Tiago Worcman, aceitou um convite de trabalho em Miami, ela está lá e cá. Estruturou a vida nos Estados Unidos, matriculou o caçula, José, em uma escola na cidade, mas não deixou de fazer trabalhos pontuais e visitar [sempre] os amigos do Rio. Mas é que agora ela topou fazer uma novela: está no elenco de “O Sétimo Guardião”, de Aguinaldo Silva. Glamurama bateu um papo com a atriz sobre sua nova personagem – Afrodite, casada com um ninfomaníaco machista vivido por Marcelo Serrado -, o formato da novela, realismo fantástico – “a gente não sabe o que vai dar certo” mas “queria eu virar um lobisomem” -, suas férias com a família em Israel e, de quebra, ela nos contou uma novidade: vai investir “oficialmente” em sua paixão por cantar. Vem ler! (por Michelle Licory)
“Eles se gostam, mas estão perdidos”
Carol resumiu pra gente o que vai mostrar na trama. “A gente vai abordar um tema muito feminino que está sendo bastante discutido: mulheres que sucumbem aos desejos dos maridos. Até que ponto você tem que imprimir o que você deseja e de que maneira dá pra conseguir fazer isso? Na história, meu marido é ninfomaníaco e quer ter um filho jogador de futebol… Então ele fica tentando e quer que ela tenha um filho homem, mas ela só tem mulher. Já tem quatro! E aí não para, tem que dar conta daquilo tudo. E não consegue fazer o que ela gostaria com a vida dela porque está há vários anos fazendo tudo que o marido quer… Vamos ver essa mulher cansada e tentando se colocar…” Na sinopse, está escrito que ela já não liga muito para o marido, certo? “É! Mas é porque ele foi querendo que ela tivesse filho atrás de filho e ela é apaixonada pelas meninas… Embora não tivesse desejado tanto quanto ele, cuida com muito amor. O tiro sai pela culatra… Ele não entendeu que quando se tem filhos, uma casa pra cuidar, aquilo demanda tempo… E não sobra espaço para os dois. Administrar isso pra eles é caótico, não administram bem. Eles se gostam, mas estão perdidos, ela mais do que ele. Esse é o cenário”.
“Nunca chegou a hora de parar de fazer novela”
Carol declinou um papel em “O Outro Lado do Paraíso”. Por que chegou a hora de voltar a fazer novela? “Me interessa muito essa discussão da minha personagem porque acho que a base de tudo é a família. Refletir sobre a casa das pessoas, a maneira que elas lidam com os desejos e todas essas questões femininas, sobre aceitação… Nunca a gente teve um momento tão fértil para pensar sobre isso… E nunca chegou a hora de parar de fazer novela, então não enxergo isso como um retorno… O que aconteceu foi: fiz ‘A Regra do Jogo’, meu marido teve essa proposta de trabalho, falei pra ele aceitar e que a gente ia dar um jeito de ficar junto. Não houve uma parada pensada, foi um espaço que sempre tive na minha carreira… Nunca fiz uma novela atrás da outra. Graças a Deus, dei a maior sorte na vida de sempre ter tido intervalos… Usei esse tempo pra ficar com ele, pra colocar meu filho numa escola lá, adapta-lo, sem preocupação… Pedi uma licença que durou seis meses, depois gravei uma série [‘Treze Dias Longe do Sol’], que foi ao ar no começo do ano…”
“Se é um formato vencedor, a gente não sabe…”
Perguntamos se ela confia no realismo fantástico, fórmula que Aguinaldo está resgatando, para emplacar um sucesso nesses tempos de audiência mais reduzida. “A minha alegria eu nem te conto… ‘Pedra Sobre Pedra’, ‘A Indomada’… Amo esse tipo de novela. Queria eu virar um lobisomem. Adoro essas coisas… Se é um formato vencedor, a gente não sabe… Novela, com realismo fantástico ou não, é sempre uma caixa de surpresas. A gente não sabe o que vai dar certo. Se soubesse, estava fácil. Mas acho que resgatar uma coisa que já fez e que sempre fez muito bem, sucessos que a gente lembra… Ah, ele é o cara pra fazer essa tentativa. Acho maravilhoso ter um pouco de magia e revisitar elementos que não são violência e as coisas práticas do dia a dia, e sim o que tem de subliminar, o que está debaixo do tapete e a gente não está discutindo…”
“É um embriãozinho apenas”
Puxamos assunto sobre os hobbies da atriz: pintar aquarelas, cantar e tocar violão, o que ela mostrou de uma forma despretensiosa em uma curtíssima temporada no palco do Teatro Fashion Mall, no Rio, no ano passado. “Nesse tempo em Miami, pude fazer todos esses hobbies, tudo o que tinha vontade”. Especificamente sobre música… “Eu tenho um projeto, que não posso te falar. Não é outra peça”. É um CD?! “Não posso falar ainda porque é um embriãozinho apenas, mas reflete um pouco esse desejo que tenho de me dedicar a coisas que estejam ocupando o meu coração”.
“Não é nada pensado para causar”
Como assim, Carol? “Não é nada pensado para causar, achando que é o momento certo pra fazer isso.. Eu realmente acredito que o artista tem que se expressar da maneira que o coração dele manda. Esses dois anos que fiquei mais quietinha, pude entender isso. Ficar pintando minhas aquarelas e ter um prazer absoluto nisso… Dentro de mim é como se estivesse fazendo uma novela. Artisticamente não deixei de me nutrir nenhum dia. Seja cantando, tocando violão, estudando física quântica. O que tem a ver? Tudo a ver. Estudar comportamento, de que maneira seus órgãos correspondem ao que você sente… Isso tudo pra mim é muito misturado. É um estudo humano. Não tenho dúvida de que nessa novela, depois desse período [sabático], vou tirar de dentro de mim coisas novas que nem sei…”
Mas, Carol, esse projeto secreto é com o Pretinho da Serrinha [músico famoso, queridinho no Rio, amigo dela e seu parceiro na incursão no palco que falamos aqui em cima…]? “Vocês são muito espertinhos, não vou falar”.
“Não deixo, quer dizer, não acho que seja algo que deva passar de pai pra filho”
Outro tópico da conversa: a viagem que ela fez com a família para Israel, que rendeu belas fotos em seu Instagram. “Foi lindo, não achei que ia gostar tanto. Sempre deixo o Tiago escolher os lugares quando a gente vai viajar. Não tenho grandes desejos… Quero só estar com a minha família em um lugar que seja gostoso pra todo mundo. Então a gente passou 10 anos indo para lugar de ski porque a gente entendeu que todo mundo se diverte junto… Ele [que é judeu] sempre quis ir pra Israel… Lá senti um monte de coisas, chorei pra caramba. Foi muito incrível…” Teve lenço na cabeça e estrela de Davi no pescoço da atriz durante essa temporada… Tiago é muito religioso? “Muito. Ele é filho de pai judeu, mas a mãe não. Aos 20 anos, ele se converteu. Estudou. Não é só algo que veio no DNA: ele escolheu. Jejua, pratica mesmo”. Perguntamos então como eles criam o José. “Não deixo, quer dizer, não acho que seja algo que deva passar de pai pra filho, e o Tiago é exemplo disso. Óbvio que o José absorve. Até o Davi [primogênito da atriz, do casamento com Marcos Frota] não come porco, mesmo não sendo filho de judeu. Aprendeu em casa hábitos de judeu. Os dois absorvem culturalmente a religião, mas é uma escolha”.