Citado em manchetes nos quatro cantos do mundo depois de ser preso nessa segunda-feira, no Japão, sob a acusação de sonegação fiscal, Carlos Ghosn – um dos brasileiros de maior sucesso no mundo corporativo global – ainda estava em clima de lua de mel com Carole Nahas, com que trocou alianças em maio de 2016 em uma cerimônia civil que teve como palco um luxuoso prédio do século 19 que serve de sede para a prefeitura do 16o. distrito de Paris, no número 71 da avenue Henri-Martin.
Na época, Ghosn ainda era o CEO da Nissan e precisou adiar a comemoração pela união para cinco meses mais tarde em razão de sua atribulada agenda de trabalho. Mas a espera foi compensada pelo mega-executivo, que ele alugou o Palácio de Versailles, a ex-residência oficial da realeza francesa localizada nos arredores da Cidade Luz, para finalmente celebrar o casamento com Nahas e também o aniversário de 50 anos dela.
Homem de grandes realizações na indústria automobilística, Ghosn não poupou despesas e mandou organizar um regabofe inspirado no filme “Marie Antoinette”, de Sofia Coppola, com direito a atores caracterizados como personagens do século 18 interagindo entre si em meio aos 120 convidados do casal. O design de tudo ficou a cargo do estilista libanês Rabih Kayrouz, que também assinou o vestido usado por Nahas em sua grande noite.
Ex-colaborador da Dior e da Chanel e radicado há décadas em Paris, Kayrouz criou uma atmosfera ao gosto do freguês e caprichou na escolha dos cristais Saint-Louis, que misturados com pratarias vintage e porcelanas francesas dos tempos de glória de Louis XVI criaram uma atmosfera digna da corte do último rei da França. O menu foi à la Maria Antonieta, que era fã de doces, e teve torta com mais de um metro de altura e sobremesas de todas as cores.
Casórios desse tipo não chegam a ser novidade em Versailles, que cobra entre € 18 mil (R$ 77 mil) e € 70 mil (R$ 299,6 mil) apenas pelo aluguel de seus melhores espaços dos casais que querem mudar o estado civil nas dependências do palácio – em torno de 15 acontecem por lá todos os anos. No caso de uma festança como a oferecida por Ghosn, o custo total pode chegar a € 200 mil (R$ 856 mil). Nada que afete o bolso dele, cujo salário anual como chefão da Nissan girava em torno de € 9,2 milhões (R$ 39,4 milhões). (Por Anderson Antunes)