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Caco Barcellos | Divulgação: TV Globo

Acostumado com a apuração da notícia há quase 40 anos, Caco Barcellos foi obrigado a produzir jornalismo de casa por 14 meses devido ao isolamento social. Após esse desafio inédito, o profissional, agora vacinado contra a Covid-19, está de volta às reportagens de rua no ‘Profissão Repórter’. A reestreia de Caco está marcada para esta terça-feira, depois de cumprir todos os protocolos de segurança, em uma das edições especiais que celebram os 15 anos da atração, que terá a música como tema principal. “Foi estranho acompanhar tudo o que estava acontecendo de casa. Sempre me vi acompanhando e cobrindo grandes acontecimentos dentro e fora do Brasil, e me vi obrigado a ficar em casa para minha proteção. A volta ao trabalho de campo é maravilhosa”, afirma Caco Barcellos. O programa será exibido depois de ‘No Limite’, na Globo.

Qual a sensação de voltar fazer reportagens na rua?
Caco Barcellos: A sensação é maravilhosa. Foi muito sofrido ficar em casa durante esse período. Tive o privilégio da possibilidade de me proteger na segurança do meu lar. Busquei me adaptar e continuei trabalhando de casa, acompanhando as equipes remotamente. Foi um trabalho colaborativo com outros repórteres. Antes da pandemia, discutíamos quase diariamente sobre a elaboração das pautas, e isso continuou. Mas invés da sala de reunião, estava na minha casa. Com o suporte da Globo, montei um estúdio com iluminação apropriada e um cenário elaborado dentro de um quarto. Desde 1973 eu estava na rua fazendo entrevistas. Foi estranho esse ‘novo normal’. Estávamos e ainda estamos vivendo, do ponto de vista jornalístico, o maior acontecimento do século. Sempre acompanhei tudo e me vi obrigado ficar em casa. A volta certamente é maravilhosa.

Como foram esses 14 meses trabalhando de casa?
CB: Eu passei todo esse período conseguindo contribuir com a equipe graças à tecnologia, que me permitiu ter acesso ágil a repórteres, à equipe do programa e aos entrevistados. O ‘Profissão Repórter’ não foi exibido em 2020 para dar espaço ao factual, mas continuamos trabalhando ativamente. Fui buscar contextos, estudos, pesquisas, passei a usar as fontes não humanas, livros e internet, para conhecer diferentes percepções sobre os mais variados assuntos. Aproveitei também para ler, porque tinha deixado acumular alguns livros. Li bastante material de repórteres dos séculos XVIII e XIX, que não tinham câmeras e tecnologias como hoje. Tudo se baseava 100% em textos escritos magistralmente.

Como foi manter o trabalho com fontes para a elaboração de reportagens sem o contato pessoal?
CB: Durante toda minha carreira, sempre fazia uma reflexões diárias sobre como, quem e onde estava indo, para saber a melhor forma de contar uma história. Todo dia é um dia novo, com personagens diferentes. Vivemos em um país desigual e, por isso, podemos encontrar pessoas privilegiadas e conhecer histórias de quem sofre com a fome e a falta de perspectiva no mesmo dia. São experiências muito diferentes. É preciso estar preparado para todas as situações. Esse contato é o que faz a diferença na hora de entrevistar. Lamentei perder essa riqueza do contato pessoal, porque fazer um trabalho de apuração apenas por telefone ou internet é totalmente diferente.

O ‘Profissão Repórter’ relata histórias sob um olhar diferente. O que mudou durante a pandemia na realização de pautas para o programa?
Tivemos que estabelecer limites que não tínhamos anteriormente. Para gravarmos em hospitais, por exemplo, local das principais histórias, tivemos que ser criativos. Colocamos câmera na cabeça de médicos, conversamos com enfermeiras e contamos com ajuda de pacientes dispostos a darem seus relatos. Essas pessoas passaram a fazer o programa junto com a gente. Essa foi a maior transformação do ‘Profissão Repórter’ durante esse período. Outro ponto de dificuldade foi não poder viajar. Gravamos muitas pautas no eixo Rio-São Paulo, porque era mais fácil poder fazer os descolamentos de carro, mas transformamos os nossos personagens em repórteres. Na maioria das vezes, eram eles narrando a própria situação e a de seus familiares, lutando contra essa terrível doença.

O ‘Profissão Repóter’ está completando 15 anos em 2021. Esse retorno em um dos programas especiais que comemoram data tem um gosto especial?
Essa temporada é toda uma celebração. Vamos produzir ao longo do ano programas especiais com temas variados, como violência, saúde. Nesta terça-feira, vamos falar de música e fama. Estamos revisitando pessoas que entrevistamos ao longo desses 15 anos para saber o que mudou na vida de cada uma delas. Conhecemos artistas lá atrás, como o Wesley Safadão e Anitta, que tinham pouco tempo de carreira e muitos sonhos para conquistar. É muito legal saber deles, que nos receberam lá atrás quando ainda estavam começando, para saber como foi o caminho para a sucesso. Esses reencontros são também uma forma de mostrar como o país mudou nesses 15 anos, assim como nossa equipe, que amadureceu durante esse período.

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