Bronca da rainha e Kaká de bode expiatório: relembre algumas das gafes de Silvio Berlusconi

Foto: Pier Marco Tacca/Getty Images

Antes da “conversão” de Donald Trump de empresário e celebridade para político, ao menos nas últimas três décadas provavelmente somente Silvio Berlusconi havia passado por uma transformação desse tipo. Crooner de boates de Milão e de cruzeiros que partiam da cidade rumo à costa da Europa, o ex-premiê italiano, que morreu nessa segunda-feira (12), aos 86 anos, chamava atenção por onde passava muito antes de ser tornar um dos homens mais poderosos de sua época, por três vezes líder do governo da Itália e também dono de um dos maiores conglomerados empresariais do país, com interesses em setores diversos como mídia, finanças e esportes.

E à parte o fato de que sua conta bancária engordou de forma esplendorosa, sobretudo a partir dos anos 1970, Berlusconi jamais perdeu o hábito que teve desde seus tempos de cantor e também aquele que, de certa forma, o definiu: o de falar o que pensa sem medir as consequências, invariavelmente cometendo gafes que, de um jeito ou de outro, também acabaram tornando-se uma de suas marcas registradas.

GLMRM relembra a seguir alguns desses faux pas que Berlusconi cometeu, e que pelo bem ou pelo mal daqui pra frente serão partes de sua já bastante controversa biografia:

Uma bronca da rainha

Em 2009, durante uma reunião com os chefes de estado do G-20 que aconteceu em Londres, na Inglaterra, Berlusconi conseguiu algo que pouquíssimas pessoas até então haviam conseguido: tirar Elizabeth II, então rainha da Inglaterra, do sério. O “climão” entre os dois aconteceu quando a foto oficial com todos os líderes presentes estava sendo produzida, sendo que a falecida monarca – por ser aquela há mais tempo no cargo dentre todos – foi posicionada no meio e na frente do grupo. Depois do clique registrado, o italiano conhecido pela voz de tom barítono, que estava na fileira de trás, começou a chamar o então presidente dos Estados Unidos em voz alta, deixando a rainha visivelmente irritada. “Pra quê isso? Por que ele [Berlusconi] precisa gritar?”, Sua Majestade soltou, o que deixou todos estupefatos e Berlusconi, claro, quietinho.

O culpado

Apesar de ter empresas em vários segmentos, e ter feito fortuna sobretudo no setor de mídia, o negócio favorito de Berlusconi sempre foi o AC Milan, time de futebol que comprou em 1986 e vendeu em 2017, por € 740 milhões. E para o bilionário-político o Milan pesava tanto em sua imagem pública que a derrota de seu partido nas eleições europeias de 2009 foi causada por algo ligado à equipe, e em particular a um brasileiro. É que, para Berlusconi, a saída naquele ano de Kaká do Milan para o Real Madrid decepcionou seus eleitores, que já estavam chateados com ele por causa de seu divórcio de Veronica Lario. O curioso é que as fotos escandalosas registradas na mansão dele na Sardenha, com várias mulheres seminuas e algumas aparentemente menores de idade, não foram citadas como uma das causas da derrota.

Anti-protocolo

Apenas três dias depois da eleição de Emmanuel Macron para a presidência da França, Berlusconi, como ex-premiê da Itália, achou por bem se manifestar sobre a eleição do então novo líder francês. Mas fez isso, digamos, com seu “jeitinho”, chamando Macron de “bom garoto”, numa clara ironia ao fato de que o recém-eleito presidente na época tinha 39 anos, e ainda por cima afirmou que o francês tinha a sorte de ser “carregado nos braços desde jovem por uma mãe bonitona”, dessa vez se referindo à mulher de Macron, a primeira-dama Brigitte Macron, que é 24 anos mais velha que o marido. Até hoje ninguém entendeu muito bem o motivo da cutucada, mas sendo algo dito por Berlusconi, também não chegou a ser um grande choque.

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