Uma briga violenta entre vários clientes da Printemps, que ocorreu na manhã da última quarta-feira, em frente à famosa loja de departamentos de Paris, pode ter efeitos maiores do que os esperados no mundo da moda. O desentendimento em massa foi causado depois que alguns franceses aparentemente furaram a fila de espera para a liquidação dos cobiçados tênis esportivos Speed, lançados pela Balenciaga no ano passado e febre desde então.
Um grupo de chineses que esperava para entrar na loja não gostou do que viu e partiu pra cima dos apressadinhos, tendo em seguida sido controlado por seguranças, que aparentemente não deram muita bola para os locais. Tudo foi registrado em vídeo, postado em inúmeros perfis de redes sociais e as cenas quase que medievais acabaram gerando um bafafá que fazia tempo não se ouvia entre os fashionistas.
A gravidade da situação é tamanha que a própria Balenciaga precisou divulgar um comunicado no qual pede desculpas pelo ocorrido, já que está sendo acusada de discriminação contra os chineses. “Lamentamos o incidente da manhã da última quarta. A equipe de segurança agiu imediatamente para restaurar a calma de todos. Pedimos sinceras desculpas aos envolvidos e reafirmamos nosso compromisso de tratar todos igualmente”, dizia a nota.
O problema é que muitas outras pessoas de origem asiática aproveitaram a polêmica para revelar supostos casos em que foram alvos de tratamento diferenciado por parte de funcionários da maison francesa, em razão da cor da pele, e algumas até se reuniram para organizar um boicote. “Deixem de comprar os produtos da Balenciaga. A partir de agora, comprem só Li Ning [uma marca de sportswear chinesa]”, propuseram em um vídeo.
Assim como praticamente todas as outras marcas de luxo, a Balenciaga depende fortemente dos chineses para fechar suas contas, o que explica o fato de estar tratando do assunto com todo cuidado. Mais do que tudo, no entanto, a briga desta semana evidencia que a disparidade na cobrança de artigos de luxo em fase de lançamento e na queima de estoque causa estragos no mercado de revendas na França e no resto do mundo.
“Muitas das pessoas na fila tinham lojas virtuais e queriam os tênis apenas para revendê-los na internet”, disse Liz Flora, analista da consultoria americana L2 especializada na região Ásia-Pacífico, ao “Women’s Wear Daily”. “Isso afeta todo o mercado porque esses produtos são quentíssimos e existe uma grande demanda por eles. As marcas vão ter que acordar por causa dessa diferença gritante de preços”, completou. (Por Anderson Antunes)