Barbara Paz é uma amiga da onça em “O Outro Lado do Paraíso”, que estreia logo mais, nesta segunda-feira, no lugar de “A Força do Querer”. Invejosa, ela vai deixar a personagem de Gloria Pires no fundo do poço, a ponto de forjar a própria morte. “Ela é mais que má, é mau caráter, aquela amiga falsa, tipo aquele filme ‘A Malvada’, que quer tomar o lugar da outra, quer ter tudo, ser a outra. Tem coisa pior que isso? Não. E a gente conhece pessoas assim! Tenta não ver, mas sabe que existe. É inspirado nessas pessoas que estão na nossa frente. Quem nunca passou por isso, né?”
“Sou do tipo que não dá uma segunda chance”
Perguntamos se já aconteceu com Barbara. “Sim, e não foi nem alguém que se aproximou pra me fazer mal, foi com amizade de verdade mesmo, com minha melhor amiga, de longa data. Aí dói mesmo, machuca. Mas sou do tipo que não dá uma segunda chance. Sou muito amiga dos meus amigos, então não me machuque… Cortei relações. Não foi caso de roubar namorado, foi algo do cotidiano”.
“Quem não tem fé em nada é infeliz”
E como se proteger? “Tem que sentir a energia, prestar atenção, e mesmo assim às vezes a gente leva um tombo, mas sou muito ligada ao meu lado espiritual. Sou de todas as religiões… Acredito em uma energia maior, do Universo, da natureza. E você tem que conspirar a favor, pensar, não maltratar, não desmatar… Quem não tem fé em nada é infeliz. Não precisa ter religião, mas tem que acreditar em algo”.
“Absurdo, retrocesso, fanatismo – e uma pena”
Sobre misturar religião com administração pública e arte e sobre as recentes polêmicas em torno de exposições envolvendo nu e sexualidade… “Um absurdo, retrocesso, fanatismo – e uma pena. Religião, que poderia ajudar as pessoas, sendo usada pra isso… Sou uma artista que caminha com seu tempo. Não defendo retrocesso. Nosso governo não dá educação para a maioria da população, então a pessoa não sabe nem como é a exposição que está criticando. Tinha que ter mais cinema, mais museu. A minha cidade mesmo não tinha cinema até bem pouco tempo atrás. Agora tem um com o meu nome”.
“Usei o nu no palco”
Barbara já usou o nu como ferramenta de trabalho. “Foi uma questão de libertação minha, usei o nu no palco. A arte de expressão não tem limites. Isso desde que o mundo é mundo. Veja os renascentistas…”
“Se apaixonar por um velho rico de lá”
Voltando para a novela… “Gloria Pires é o maior presente da minha vida, maravilhosa, generosa, já virou uma amiga pra sempre. Dá dó fazer ela sofrer nas cenas… Uma pessoa tão bacana. Mas essa novela fala sobre o fato de que tudo que você faz aqui na Terra, volta. De bom e de ruim. Acredito muito nisso. Mas maldade demora mais pra receber o troco”. Sobre as gravações da trama no Jalapão. “Meu núcleo não foi. Estou louca para a minha personagem se apaixonar por um velho rico de lá – e eu ir gravar. O Lima Duarte seria um bom par [risos]. Já estou querendo armar isso, afinal na história ele é o dono das esmeraldas”.
“Estou bem. A vida é muito curta”
Sobre Hector Babenco, seu marido, que morreu em julho do ano passado, aos 70 anos. “Estou terminando o meu documentário sobre ele. Está em fase de maturação e vamos lançar em 2018. Um ano após a morte dele o sentimento é de recomeçar. Essa palavra ‘superação’ não cabe muito a mim, sou uma pessoa bastante ativa, com muita energia, feliz, gosto da vida, de viver. O que tento fazer é transformar tudo em poesia. Estou bem. A vida é muito curta. A gente tem que saber viver”.
“Hector ia me matar se eu não amasse de novo. Sou muito melhor com outro”
Novo amor? “Ah, aí está querendo saber demais”. Mas acha que Hector apoiaria? “Por ele, com certeza, sem dúvida nenhuma. Pelo amor de Deus! Sou nova. Ele ia me matar, ficaria muito bravo se eu não amasse de novo porque ele sabia que eu sou muito mais feliz amando, muito melhor com outro, junto. É só agora bater as químicas”. (por Michelle Licory)