Artista brasileiro vai abrir a 57° Bienal de Veneza e conversa com a gente

Créditos: Rafael Roncato

O artista pernambucano Paulo Bruscky vai abrir a 57ª Bienal de Veneza com uma performance, ganha uma retrospectiva no Pompidou de Paris em setembro e ainda tem Nova York e Estolcomo na agenda deste ano

para Revista PODER

Paulo Bruscky acredita que a arte pode ser feita em qualquer suporte – mesmo. Nos anos 1970, sua plataforma eram os jornais de Pernambuco, onde publicava anúncios do tipo: “Vende-se máquina de filmar sonhos. Em preto e branco e colorido. Assista seus sonhos tomando café da manhã”. Foi um dos pioneiros em arte postal, videoarte e performance, e até hoje aposta nas mais diferentes linguagens para divulgar sua mensagem poética. Será assim na próxima Bienal de Veneza, em maio. Bruscky desembarca na Itália com 26 caixotes e mais de 30 ajudantes vestidos de operários.

A bordo de duas gôndolas, farão um “cortejo” pelos canais da cidade até chegar na frente do pavilhão. “A mensagem é: ‘arte se embala como quiser’. Eu recebo as caixas e vou fazendo a composição. O espaço que ganhei é o melhor, na entrada da bienal e no primeiro dia”, conta. Aos 68 anos, Bruscky trabalha todos os dias em seu ateliê no Recife, cidade onde nasceu e vive até hoje. “Sou mais transpiração do que inspiração. Leio muito, pesquiso, estudo. Um artista tem de estar muito bem informado ou corre o risco de repetir o que já foi feito.” Além de Bruscky, outros três brasileiros – Ernesto Neto, Erika Verzutti e Ayrson Heráclito – estarão em Veneza, mas a participação dele vai além da performance dos caixotes: foi um livro seu, Poesia Viva, publicado em 2015 pela extinta Cosac Naify, que inspirou o tema da 57ª Bienal de Veneza, que se chama Viva Arte Viva. Isso porque a curadora do evento, a francesa Christine Marel, conheceu a obra de Bruscky e se encantou. Além de Veneza, o pernambucano tem a agenda cheia mundo afora.

Em setembro, ganha uma retrospectiva no quinto andar do Centro Georges Pompidou, em Paris, tradicionalmente reservado para os grandes, como Marcel Duchamp. Serão mais de 200 trabalhos e é a primeira vez de um brasileiro por ali. Em junho, segue com outra individual na Galeria Nara Roesler em Nova York e ainda passa por Estolcomo e Caracas. Em 2018, já tem passagem marcada para a Espanha. “Tenho várias mostras programadas lá fora, mais do que no Brasil. Falta uma política cultural sólida por aqui, falta incentivo. Entra ministro e sai ministro e a cultura fica sempre à margem.”

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