Aos 68 anos, Isabella Rossellini solta o verbo em entrevista, de sexo animal a envelhecimento: “Você fica mais gordo, com rugas, mas surge uma liberdade”

Isabella Rossellini é uma mulher ocupada. É difícil saber como a modelo, ator, escritor, comportamentalista animal e fazendeira encontra tanto tempo para falar sobre sexo. Nos últimos anos, ela tem se aprofundado em um tema específico: a vida sexual dos animais. O projeto Green Porno, criado pela atriz em 2010, se estende até os dias de hoje, com diferentes produtos, como, por exemplo, o Seduce Me, série de vídeos em que ela explora a sexualidade de diferentes bichos – de golfinho a louva-deus – de forma, digamos, bastante lúdica e ao mesmo tempo explícita. Rossellini se fantasia, dança e provoca em esquetes engraçados, educativos e um pouco malucos – como ela.

Agora, com os teatros fechados pela pandemia, a atriz se prepara para uma nova empreitada, com a mesma temática, que irá ao ar direto da Mama Farm em Long Island, onde ela vive com suas ovelhas, cabras, galinhas, patos e cachorros. Sex & Consequences será um programa que falará basicamente de evolução, mais especificamente sobre domesticação e moralidade, explorando descobertas recentes dos cientistas sobre o mundo animal.

Aos 68 anos, a filha dos icônicos Ingrid Bergman e Roberto Rossellini, Isabella contou em entrevista ao The Guardian de onde vem seu interesse pelos animais. Aos 14 anos, seu pai comprou para ela um livro chamado King Solomon’s Ring, de Konrad Lorenz, um dos pioneiros dos estudos de comportamento animal: “Uma pequena lâmpada acendeu-se no meu cérebro e eu disse: é isso que quero fazer. Mas a ideia de estudar zoologia ou biologia me intimidava. Eu era bonita, graças a Deus! Então, entrei no negócio da família ”, lembra ela, que nem sempre teve consciência de sua beleza: “Não muito. Eu era gordinha e nasci com uma deformidade na coluna”, contou ela que, aos 12 anos, teve que fazer uma cirurgia para corrigir sua escoliose e passou os dois anos seguintes engessada. A beleza não parecia relevante naquela época. “Como estava doente, fiquei feliz por poder andar.”

Bem mais confiante atualmente, ela dispara: “O envelhecimento traz muita felicidade. Você fica mais gordo e com mais rugas, mas há uma liberdade que vem com isso. A liberdade dita: é melhor fazer o que quero fazer agora, porque estarei morto em breve. Então esta é minha última chance. Além disso, surge uma serenidade – eu tive a carreira que tive, boa ou ruim, fiz o melhor que pude e agora continuo perseguindo o que é interessante para mim.” Isabella ainda ressalta a importância de ser curioso – sempre aprendendo coisas novas: “Vi amigas atrizes tão deprimidas por perderem sua beleza. As pessoas não as queriam mais. E senti isso também. Estudar me salvou de ficar deprimida por perder minha beleza. Deu muita alegria à minha vida. ”

Ela diz que sua fazenda é um refúgio da toxicidade dos EUA hoje. O que ela acha da perspectiva de Donald Trump ganhar um segundo mandato como presidente? “É muito assustador. Sempre tive uma pergunta para meus pais. Como a Itália pode se tornar fascista, como a Alemanha pode se tornar nazista? Não quero definir Trump como fascista ou nazista, mas ele é autoritário – uma ameaça à democracia.”

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