Marina Lima: “O que torna uma relação especial não são os gêneros”

Marina Lima acompanhada apenas do violão no show “No Osso”, no Tom Jazz, em agosto deste ano

Com mais de 30 anos de carreira, Marina Lima completa 59 anos nesta quarta-feira – sem ressentimentos. Em conversa com o Glamurama, a cantora carioca -moradora de São Paulo- revelou que ter feito 50 anos já foi libertador. “Tenho curtido muito envelhecer. Parece que me dá mais direitos de ser quem eu sou.” Com um amor para chamar de seu, Marina ainda revelou o motivo pelo qual a relação entre mulheres pode fluir melhor.

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama- Qual o principal aprendizado que recebeu de sua família?

Marina Lima – Acho que valores éticos. Isso foi muito importante, me trouxe estrutura para seguir na vida. E junto com isso recebi muito carinho também.

Glamurama- Quanto tempo você morou nos Estados Unidos? O que carrega de lá?

Marina Lima – Sete anos. São Paulo e Ibirapuera me lembram muito Washington. Carrego uma atração pelo frio, pela música negra e pelo aspecto guerreiro do povo americano.

Glamurama- Como foi fazer parte dos grandes festivais da MPB? Do que sente falta daquela época?

Marina Lima – Eu não gostava de concorrer, de competir. Isso me deixava bem travada. Disso não sinto falta. Mas de programas de música, sim. Claro que hoje em dia tem programas de clipes, especiais, mas programas de músicas com diferentes artistas têm muito pouco.

Glamurama- Você sempre foi muito engajada. O que você gostaria de combater hoje em dia?

Marina Lima – Eu poderia citar tantas coisas que estão acontecendo no mundo, como desigualdade social, essas guerras todas por territórios, fanatismo religioso e por aí vai. Mas se você quer uma bem localizada aqui no nosso país, diria a poluição. Acho que a poluição é um problema seríssimo. As pessoas não comentam porque o ar não se vê. No entanto, ela é mais relevante do que a água. Acho que aqui em São Paulo algo tem que ser feito urgente a respeito disso.

Glamurama- Como foi a mudança do Rio para São Paulo? Foi uma boa troca?

Marina Lima – Foi. Perde-se aqui, ganha-se ali. O Rio é uma cidade deslumbrante. É inacreditável que um lugar possa ser tão bonito. Mas o Rio não tem o movimento e a diversidade cultural que tem em São Paulo. E no momento não passo sem isso. Estou bem aqui, mas cada vez que vou ao Rio é um golpe (risos).

Glamurama- Está preparando um disco novo?

Marina Lima – Estou querendo muito lançar um disco no ano que vem. Mas para isso preciso compor. Já tenho duas músicas novas, mas tem vindo devagar. Percebo que com o tempo venho me tornando mais lenta. Acho que a idade torna a gente mais exigente.

Glamurama- Seu coração está ocupado com o que e com quem ultimamente?

Marina Lima – Está ocupado com o show “No Osso”, meu primeiro projeto de voz e violão pelo Brasil afora, e sempre com os meus bichos, meus amigos e com um amor.

Glamurama- Você já disse que a mulher não separa o sexo do amor, como os homens. O que mais um relacionamento entre mulheres tem de especial?

Marina Lima – Não sei se a gente pode achar essa ou aquela forma de amor mais especial. Talvez uma relação entre duas mulheres possa fluir melhor. Às vezes uma relação entre um homem e uma mulher se torna um cabo de guerra por serem tão diferentes. Mas acho que o que realmente torna uma relação especial são as pessoas envolvidas e não os gêneros.

Glamurama- Com 59 anos, o que a maturidade te trouxe?

Marina Lima – Devo confessar que fazer 50 anos já foi libertador. O que me falam sobre os 40, pra mim, rolou depois dos 50, que é uma liberdade, uma aceitação maior do que se constrói, um desencanamento. Realmente tenho curtido muito envelhecer. Parece que me dá mais direitos de ser quem eu sou.

Glamurama- Qual sua música preferida? O que ela representa para você?

Marina Lima – Eu tenho várias músicas que adoro, depende muito do momento. Nesse momento seria “Eu Não Sei Dizer Adeus”, da Vanessa da Mata.

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