Antônio Guerreiro, uma das maiores referências na fotografia editorial brasileira entre os anos 70 e 90, dono de um acervo imenso com retratos das maiores personalidades do país desse período, não apresentava uma exposição individual há 15 anos. Esse hiato terminou na noite dessa quinta-feira, quando inaugurou a mostra “Antônio Guerreiro – O Homem que Amava as Mulheres”, na Galeria da Gávea, no Rio. Em exibição, 30 registros feitos por suas lentes, inclusive retratos inéditos, em Polaroid. São fotos profissionais e outras da intimidade do cotidiano do artista. Vários ensaios sensuais estão expostos [muitos deles nus], de atrizes do peso de Sonia Braga e Sandra Brea [ex-mulheres de Guerreiro], além de Luiza Brunet, Claudia Raia e Monique Evans.
* A gente bateu um papo com o fotógrafo, que, filho de um rico industrial português, nasceu em Madri, mas fixou domicílio carioca ainda aos 5 anos. Vem ler (por Michelle Licory)!
Glamurama: O que existia na arte de fotografar mulheres nas décadas de 70 a 90 que se perdeu hoje? Você é uma pessoa nostálgica?
Guerreiro: A magia do olhar do fotógrafo. Antigamente você sabia de quem eram as fotos só de olhá-las, cada um tinha um estilo personalizado. A disputa era grande, hoje tudo se igualou. Sinto que tenho saudades de uma época de ouro da fotografia brasileira.
Glamurama: Você casou com duas de suas musas, sua vida pessoal e profissional acabaram se misturando, certo? Como funciona pra você a relação do fotógrafo com o fotografado e por que, na sua opinião, mulheres tão famosas se sentiam tão à vontade com suas lentes?
Guerreiro: Era uma consequência. O casamento começava no estúdio, caso da Sandra e da Sonia, e se tornou real. Quanto à relação, tem que ser de total confiança, a pessoa que está sendo fotografada tem que acreditar firmemente no fotógrafo e se entregar a ele sem medo. No caso de famosas, elas também queriam ser bem fotografadas.
Glamurama: Sente uma mudança na estética do seu trabalho com o passar das décadas?
Guerreiro: Ah, sim, os padrões de beleza feminina eram outros. Noto uma certa vulgarização nos atuais conceitos de sensualidade, estética, beleza.
Glamurama: Qual sua opinião sobre o uso do Photoshop?
Guerreiro: Antes eram os filmes, os filtros, o fotômetro. Hoje o Photoshop só substitui as ferramentas que a gente utilizava na época. Acho que usar dentro de certos parâmetros, como corrigir o contraste e outros controles de imagem, é perfeitamente admissível, só não se pode usar para alterar o que é a realidade.
Glamurama: De todas as famosas que você fotografou, quem era a mais fácil de trabalhar? Quem era mais "travada" e foi uma surpresa ver um resultado final bacana? Quem você fotografou mais vezes?
Guerreiro: Acredito que o maior fenômeno da fotografia seja a Luiza Brunet porque é muito fácil trabalhar com ela e o resultado é sempre fantástico. Tem determinadas mulheres que são um fenômeno no estúdio. Um caso claro é a Sônia Braga, que se transforma na frente de uma câmera. Acho que quem mais fotografei foi Sandra Brea, fizemos dezenas de trabalho juntos, até mesmo depois que nos separamos. Ela confiava plenamente em mim.
Glamurama: Que musa de hoje você gostaria de fotografar?
Guerreiro: Pela elegancia e pela beleza, a Sophie Charlotte.
Vem ver como foi a abertura da exposição aqui embaixo, na nossa galeria!
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