A Cerimônia de abertura do 11º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo rolou nessa quarta-feira no Memorial de Cinema Latino-Americano com pré-estreia do longa “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert. O filme conta a história de Pierre, personagem que descobre que sua família não é biológica após a prisão da mãe e que, após conhecer sua verdadeira família, se choca com a nova realidade e acaba encontrando sua verdadeira identidade.
Nesta edição do festival, que acontece de 20 a 27 de julho, a programação celebra a crescente presença feminina na cena cinematográfica latino-americana. Anna Muylaert, homenageada da noite de abertura, falou sobre o cinema latino-americano: ” O cinema latino-americano é uma conexão com as questões do país, é um cinema que tem as forças vitais muitos grandes. Isso os europeus sentem também, os filmes que chegam lá tratam de questões fortes a respeito de seus países”, afirma ela.
Anna foi premiada no Festival de Berlim em 2015 pelo filme “Que horas ela volta?”, que também aborda questões de maternidade. Quando questionada do porquê de recorrer ao tema mais uma vez no novo filme, ela brincou: “Porque eu tenho mãe” e completou “A mãe é um personagem arquetípico e importante pra todo mundo. A família é a primeira instância do estado. Então eu acho que começar a falar dos pais é começar a falar da sociedade”. Nos dois filmes, é visível o deslocamento da figura materna. Mas no ‘Mãe só há uma’ existe uma outra questão, a de identidade. No longa, Pierre tem duas mães e isto o ajuda a descobrir que ele realmente é. Quando ele está com a primeira, ele está no armário e quando ele se depara com a mãe de que ele não gosta ele quebra a casca do ovo e sai “, analisa Anna, que ainda revela que às vezes a censura e repressão ajudam na criação. “Um pouco de censura e repressão ajuda o adolescente a aceitar o que ele é e se colocar”, conclui a cineasta.
Anna Muylaert está produzindo um documentário sobre o período de suspensão da presidenta Dilma Rousseff até o resultado final do supremo, previsto para agosto. Ela deixa claro que a posição política não faz diferença na hora de produzir algo deste tipo: “Como cineasta, a gente está atrás do humano e não de estar contra ou a favor. Nós queremos mostrar o que está acontecendo com sensibilidade”. Anna assina a produção e roteiro do documentário, com direção de César Charloni e Lô Politi.
Confira abaixo quem passou pela abertura do festival.
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