Um dos artistas chineses de maior renome, Ai Weiwei resolveu processar uma das marcas mais icônicas da Alemanha: a Volkswagen. A origem do imbróglio judicial está em uma das últimas campanhas veiculadas pela fabricante de carros, que inclui a foto de um Polo estacionado bem na frente a uma instalação feita pelo chinês em Copenhagen, durante a edição de 2017 da famosa feira de arte Kunsthal Charlottenborg que acontece anualmente na capital da Dinamarca.
Em um post de protesto que fez no Instagram no começo de março, Weiwei afirmou em um “textão” que usou para legendar uma imagem da peça publicitária que o pessoal da Volks não pediu a devida autorização para reproduzir sua obra, que foi batizada por ele como “Soleil Levant” (“Sol Nascente”), e avisou que acionaria seus advogados por causa disso – o que de fato fez no começo dessa semana com uma ação que agora corre na cidade dinamarquesa de Glostrup.
Uma audiência de conciliação foi realizada entre as partes envolvidas nessa quarta-feira, mas aparentemente nenhum acordo foi selado. Processos desse tipo têm sido cada vez mais comuns em países do hemisfério norte, e um dos mais que deram o que falar recentemente envolveu o artista britânico Anish Kapoor e a National Rifle Association (NRA) dos Estados Unidos, que também usou imagens de uma escultura dele em um vídeo promocional (tudo foi solucionado fora dos tribunais).
Weiwei, de 61 anos, lançou o “Soleil Levant” em 20 de junho de quase dois anos atrás, quando se comemorou o Dia Mundial dos Refugiados. O trabalho teve como matéria-prima mais de 3,5 mil coletes salva-vidas recuperados em uma praia de Lesbos, na Grécia, que de uns anos pra cá se tornou um dos principais pontos de entrada de imigrantes ilegais na Europa. Todos foram deixados lá por aqueles que sobreviveram as travessias de seus respectivos países de origem. (Por Anderson Antunes)
*
Abaixo, o post que o artista chinês fez no Insta reclamando da situação: