Acusado de assédio sexual por pelo menos 13 pessoas em janeiro, Mario Testino já está sentindo no bolso os efeitos do escândalo. Um dos maiores astros da moda, o fotógrafo foi obrigado a fechar o escritório de Nova York da agência que fundou há menos de cinco anos, a Mariotestino+. Coincidência ou não, Brigid Walsh – que comandava o negócio – e pelo menos outras três pessoas que davam expediente na unidade da Big Apple deixaram os cargos que ocupavam nas últimas semanas.
Testino ainda mantém um escritório da Mariotestino+ em Londres, mas este também passou por reformulações recentemente: por causa da debandada de clientes, as equipes que cuidavam do pós-venda foram reduzidas. Apesar do choque, ele ainda está trabalhando em projetos pessoais e na implantação de uma nova sede para o museu que inaugurou em Lima, no Peru, em 2012, razão pela qual leiloou metade de sua poderosa coleção de arte no ano passado.
De todas as supostas vítimas do top fotógrafo, o modelo Ryan Locke é o que mais dá o que falar. Nos anos 1990, os dois trabalharam juntos em uma campanha da Gucci, e em entrevista ao “The New York Times” Locke classificou a experiência como “traumática” e chamou Testino de “predador sexual”. Marcas como a Michael Kors e a Stuart Weitzman decidiram cortar relações com o fashionista poderoso, que nega ter cometido qualquer crime e já questionou a credibilidade de seus acusadores.
Assim como tem acontecido em Hollywood, o mundinho também foi chacoalhado nos últimos meses por polêmicas à la #MeToo envolvendo alguns de seus maiores nomes. Uma reportagem do “The Boston Globe” publicada em fevereiro, aliás, causou o maior rebuliço ao trazer à tona relatos de mais de 50 modelos que afirmam terem sido banidos da indústria porque expuseram assédios sofridos por gente como Patrick Demarchelier, David Ballamere, Greg Kadel e Karl Templer. (Por Anderson Antunes)