A soprano Carla Cottini vai viver a protagonista Susanna na montagem de “As Bodas de Figaro”, de Mozart, que estreia nesta quarta-feira, sob regência do maestro Luis Fernando Malheiro, no Theatro São Pedro, em São Paulo. Glamurama aproveitou para conversar com a brasileira de 27 anos radicada na Espanha, que estudou balé e se formou em administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas antes de se entregar de corpo e alma à ópera. O segredo? “Acredito muito no poder do estudo e acho que não existe outra maneira. Em casa ou no ensaio temos que estudar 200% para termos 80% no palco”. Em 2015, Carla já garantiu lugar em duas óperas da Temporada Lírica do Theatro Municipal (“Ainadamar”, de Osvaldo Golijov, e “Thais”, de Jules Massenet). Ao bate-papo!
Glamurama: Por que você foi estudar administração de empresas?
Carla Cottini: Quando terminei o colégio, aos 17 anos, eu não sabia que iria seguir a carreira artística. Eu fazia balé na época e não tinha a pretensão de ser bailarina, sempre cantei em coral, mas já na faculdade comecei a estudar teatro musical. Aí passei em uma audição com Jorge Takla para o musical “My Fair Lady”, entrei na peça e decidi que iria seguir a carreira.
Glamurama: E como você migrou do musical para a ópera?
Carla Cottini: O último musical do qual participei foi “Cats”, em 2010. Sempre gostei de ópera mas não tinha a intenção de fazer, até que Rafael Andrade, um amigo pianista, me disse que eu deveria tentar. Acabei ganhando o prêmio revelação no Concurso de Canto Maria Callas e fui para a Espanha estudar. Depois disso conheci minha grande mestra, a professora Eliane Coelho, radicada em Viena, e passei a estudar com ela.
Glamurama: Como é ser Susanna em “As Bodas de Figaro” agora?
Carla Cottini: Um superpresente do ponto de vista artístico. Principalmente pelo maestro Luis Fernando Malheiro, pessoa maravilhosa, que me deu um papel muito grande, dividindo o palco com os melhores da ópera brasileira.
Glamurama: Como é a sua rotina? Quanto tempo despende à ópera?
Carla Cottini: Isso é relativo, quando estou em cartaz ensaio de 8 a 10 horas por dia. É full time, eu canto todos os dias e quando não estou em cartaz deixo de cantar apenas um dia da semana. Tenho que dormir 8 horas por dia, não saio à noite, não bebo e não fumo. É como um esportista, todo dia tenho que treinar um pouquinho. São muitas horas de trabalho solitário, como um estudo de pesquisa de mim mesma.
Glamurama: Você tem namorado?
Carla Cottini: Não tenho. Sempre tive relacionamentos longos, mas é muita viagem; difícil. Estou solteira desde junho e nunca namorei alguém da música.
Glamurama: Como é a Susanna? Que outras personagens femininas de ópera você gostaria de interpretar?
Carla Cottini: A ópera se passa no dia do casamento de Susanna e já é especial por isso, o dia do casamento de uma mulher. Ela é muito requisitada no castelo, todos vão atrás dela e ela é toda ouvidos, dinâmica, articulada, pronta para qualquer situação. Sempre rebolando! Mozart entendia muito bem o feminino. Outros personagens? Eu adoraria interpretar a Maria de “João e Maria”, de Humperdinck. Já fiz essa ópera na Espanha e quero fazer de novo, hoje seria diferente e gosto da ideia de interpretar uma criança. Também tenho vontade de interpretar a Despina em “Così fan tutte”. Mozart está sendo construtivo para a minha voz ultimamente, tem isso também, a nossa voz muda. E Adina, do “L’Elisir d’Amore”, de Donizetti, que eu teria possibilidade vocal para fazer agora.
Glamurama: Você vê diferença entre o público da Espanha e do Brasil?
Carla Cottini: Fizemos um ensaio aberto e o púbico de São Paulo foi bem mais caloroso, são interessados e a plateia morreu de rir.
“As Bodas de Fígaro”
Theatro São Pedro, Rua Albuquerque Lins, 207, Campos Elíseos, São Paulo
Informações: 11 3361-6600 | www.theatrosaopedro.org.br
Dias 26, 28 de novembro e 4 e 5 de dezembro às 20h
Dias 30 de novembro e 7 de dezembro às 17h