A nova safra de escritoras que todo mundo tem que ler

Na contramão da supremacia das youtubers, que agora deram também para se destacar nos livros, um grupo de jovens escritoras vem ganhando as livrarias do modo clássico: escrevendo. São autoras apaixonadas pela poesia, por temas que vão da morte ao amor ou que veem na literatura a própria sanidade. Quem são essas mulheres que optaram por escrever como profissão em pleno século 21?

Por Thayana Nunes e Victor Martinez

SOFIA MARIUTTI

Sofia Mariutti || Foto: Arquivo Pessoal

IDADE: 30 HABITAT: São Paulo, “mas prefiro o campo”. LIVROS: participações em “Anamorfoses” (Annablume) e “Socorram-Me em Marrocos” (Cia. das Letrinhas). Em breve, lança o primeiro livro de poemas, “Centrífuga” (Patuá). OBSESSÃO: morte, suicídio, amor, música, cidade. ELA POR ELA: “Eu tive uma alegria no começo do ano, mas passou.” VÍCIO: jogos de palavras e rimas. “Não muito valorizados na poesia contemporânea.” NO CRIADO-MUDO: água com gás e aplicativo de meditação. NÃO SAI DA CABEÇA: “É preciso estar sempre bêbado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser, mas embriague-se”, versos de Charles Baudelaire.

VERENA SMIT

Verena Smit || Foto: Victor Affaro

IDADE: 33 HABITAT: Nova York e agora São Paulo LIVROS: o diário “Lovely” e as poesias de amor de “Eu Você” (Paralela). ELA POR ELA: “Um trocadilho com a palavra ‘typewriter’, que é máquina de escrever para ‘one type of a writer’, que é ‘um tipo de escritor’.” OBSESSÃO: amor, relacionamentos e o feminino. “Temas eternos, constantes na vida de todo mundo e cheios de metáforas.” INSPIRAÇÃO: “Gosto muito de escrita feminina. Na poesia, Ana Cristina Cesar e da portuguesa Matilde Campilho. E os textos jornalísticos em forma de diário da britânica Tracey Emin.” VÍCIO: “Quando faço as poesias riscadas, escrevo a palavra várias vezes na máquina de escrever e uso muitas folhas para poder fazer alguns testes antes de fazer a versão final.” CRIADO-MUDO: “Gosto muito de ler livros sobre arte, sobre entrevistas com artistas e biografias. Agora estou lendo um de escritos e entrevistas da Louise Bourgeois.”

LUISA MICHELETTI

Luisa Micheletti || Foto: Fernando Queiroz

IDADE: 33 HABITAT: São Paulo LIVROS: o de contos “Nem Sofá, Nem Culpa” (Touro Bengala). OBSESSÃO: “Revelações arquetípicas escondidas em experiências banais, cotidianos inventados e associações simbólicas temperadas com delírios e assombro costumam permear meus contos.” INSPIRAÇÃO: Kurt Vonnegut, Clarice Lispector, Hilda Hilst, Clara Averbuck, Lygia Fagundes Telles, Paul Auster, David Bowie, John Fante, Milan Kundera, Madonna… TÍTULO DA VIDA: “Matadouro 5”, de Kurt Vonnegut VÍCIO: “Costumo garimpar o brechó das letras, sempre com um bom dicionário de sinônimos. Ressuscitar palavras esquecidas, aquelas que ninguém mais usa.” CRIADO-MUDO:  remédio homeopático para o fígado, outro para dormir, água, um livro de literatura e outro de mitologia. CHICLETE: “Escutou atentamente na escuridão uma concentração que parecia tirá-lo de si mesmo em uma suspensão vazia. Escutou o próprio coração parar de bater, o último encher de pulmões deixá-lo em um silêncio luminoso. Esperou, totalmente quieto.” Trecho de “FUP”, de Jim Dodge. “É a cena de morte mais linda que já li.”

JULIA WÄHMANN

Julia Hähmann || Foto: Divulgação

IDADE: 34 HABITAT: Rio de Janeiro LIVROS: Diário de Moscou (Megamíni/7Letras), André Quer Transar (Pipoca Press) e Cravos (Record). OBSESSÃO: “Vou muito atrás de livros que tratem de morte, amor, poesia, viagens e que tenham, de preferência, um viés de humor. A dança também tem sido uma constante.” INSPIRAÇÃO: “Minha ex-editora Vivian Wyler, que viu um pouco de Ana Cristina Cesar, Paloma Vidal e Miranda July nos meus textos. Na dança, a maior influência foi Pina Bausch.” TÍTULO DA VIDA: Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez. VÍCIO: “Tenho mania de anotar algumas palavras que, por alguma razão, passam a me chamar a atenção, e, a partir delas, outras ideias se desencadeiam até formar um texto.” CRIADO-MUDO: Maggie Nelson e o Ben Lerner, “figurinhas fáceis na eterna pilha de livros de cabeceira”. CHICLETE: “Falar de sentimentos é o mesmo que explicar o sabor do pão pela receita. Nunca dá certo.” Do livro A Vendedora de Fósforos, de Adriana Lunardi.

PAULA GICOVATE

Paula Gicovate || Foto: Lucas Bori

IDADE: 31 HABITAT: Campos dos Goytacazes (RJ) LIVROS: “Sobre (o) Tudo que Transborda”, D4, “Este É um Livro Sobre Amor” e colaborou para o “Manual Literário para Amar os Homens (ou Não)”. OBSESSÃO: “Escrevo sobre amor, vejo tudo sobre essa ótica. Houve um tempo em que eu briguei com isso, mas percebi que falar de amor e de relações humanas é o meu tema central.” INSPIRAÇÃO: Ana Cristina Cesar, Bukowski, Jorge Luis Borges e Cortázar, Zadie Smith, Haruki Murakami Junot Dizaz, Daniel Galera, Alejandro Zambra e David Foster Wallace, Lou Reed, Leonard Cohen e Patti Smith. “Música também forma meu caráter.” TÍTULO DA VIDA: “A Teus Pés”, de Ana Cristina Cesar, “O Túnel” ,de Ernesto Sabato, “Norwegian Wood”, de Haruki Murakami, “História de Cronópios e de Famas”, de Julio Cortázar.

BRUNA BEBER

Fluxo de Consciência 5 // Bruna Beber por Rafael Roncato

IDADE: 33 HABITAT: de Duque de Caxias (RJ) para São Paulo. LIVROS: “A Fila Sem Fim dos Demônios Descontentes” (7Letras), “Balés” (Língua Geral), “Rapapés & Apupos” (7Letras), “Rua da Padaria” (Record) – todos de poesia; “Zebrosinha” (Galera Record), infantil. EM BREVE: Um novo livro de poesia, “Ladainha”. OBSESSÃO: “As histórias dos outros, o que ouço e vejo na rua, nos lugares onde convivo, misturado à minha vida.” INSPIRAÇÃO: “Teria de te passar uma lista de mil páginas.” ELA POR ELA: “As aventuras aéreas, aquáticas e piromaníacas da formiga-cigarra.” VÍCIO: “Reescrever meus poemas à exaustão. E gravar tudo que escrevo para ouvir e me ajudar no processo de edição.” PROFISSÃO: “Quando falo que sou poeta, sinto um misto de incompreensão com comoção.” CRIADO-MUDO: Água, remédio para rinite, prendedor de cabelo, um abajur, uma tomada próxima, um marcador de livros e um lápis. CHICLETE: “Só consigo decorar músicas.”

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