Por Roberta Sendacz
O pensador, linguista e ensaísta francês Roland Barthes (1915- 1980) publicou em 1973 um livrinho – sim, ele é curto -, muito poderoso em relação às formas de sedução. O autor vem de um período estabanado e de muita criatividade e lirismo na França. Seu kama-sutra chama-se “O Prazer do Texto”, no qual trabalha o poder de atração entre quem escreve e quem lê, baseado, sobretudo, no prazer.
Barthes transfere a relação homem/mulher para a autor/leitor. Usa, por exemplo, a poderosa expressão “dragar”. Isto é, o leitor deve ser dragado pelo escritor. Enlaçado, como em qualquer jogo de paixão que envolva o feitiço. “Texto de prazer: aquele que contenta, enche, dá euforia; aquele que vem da cultura, não rompe com ela, está ligado a uma prática confortável da leitura”, escreve o autor.
Lendo “O Prazer do Texto”, participamos de uma grande transa na qual somos convidados a tirar a roupa para Barthes. Ah, se os discursos fossem todos assim: de atração, de fruição, para usar uma palavra bastante utilizada por ele… “O texto é um objeto fetiche, me deseja. O texto me escolheu.” Não parece coisa de casal?