A casa do grafiteiro Speto reflete a arte que ele espalha pelas ruas

Speto em um dos ambientes que mais gosta na casa: “a caverna”||Créditos: Gui Morelli

Por Thayana Nunes para revista Joyce Pascowitch

Fotos Gui Morelli

A apenas uma quadra do Beco do Batman, a famosa viela dos grafites da Vila Madalena, em São Paulo, se esconde entre muitas árvores a morada de um dos artistas de rua mais conhecidos da cena paulistana, Paulo Cesar Silva, o Speto. A casa, um charmoso sobradinho com direito a laje e vista para todo o bairro, reflete bem o espírito do dono, que vive lá com a mulher, a modelo Tânia Pozzebom. Total cool, tem clima família e espaço de sobra para acomodar seu hobby: a música.

Com 30 anos de história no grafite, Speto leva para as ruas um estilo que ganhou força nos últimos tempos. Ao lado de nomes como Gustavo e Otávio Pandolfo, a dupla osgemeos, suas criações inspiradas na cultura brasileira podem ser vistas em importantes espaços urbanos no mundo todo. Os traços de Speto lembram xilogravuras com toques de hip-hop e desenhos de cordel e são reflexos da história do próprio artista, que nasceu em Minas Gerais, foi criado na cena underground da capital paulista e tem sangue de índios, negros e espanhóis. “Tenho até avô sambista”, brinca.

E são todos esses elementos que compõem o décor de sua casa, comprada há nove anos. Enquanto na sala a escultura da ceramista Isabel Mendes da Cunha, típica do Vale do Jequitinhonha, ganha destaque ao lado dos bonecos de Padre Cícero que Speto trouxe de uma viagem a Juazeiro do Norte, os móveis de design e objetos comprados na rua Benedito Calixto se misturam às guitarras e violões espalhados pelas paredes. O grafiteiro é apaixonado por música e conta que no início de sua carreira andava com Marcelo D2 e integrantes das bandas Nação Zumbi e Raimundos – um dos motivos para ter construído seu cômodo preferido: a “caverna”. “É aquele canto que todo homem precisa para viver. Aqui toco com os amigos, leio, fico sozinho… A gente precisa ter esse momento.”

Outro motivo de orgulho para Speto é saber que ele mora na mesma casa onde viveu por muitos anos Olga do Alaketu, importante mãe de santo do candomblé, morta em 2005. “O que gosto da Vila Madalena é que o bairro é de todos, pertence à cidade. Mas, ainda assim, é uma vilinha. Todo mundo se conhece, tem gente brega, gente alternativa. É democrático, assim como o grafite.” Mais brasileiro impossível.

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