Por Andréa Michael, para Revista PODER de julho
Católica praticante, fã de crochê e apaixonada pelo cachorro, um poodle chamado Joca, Fátima Nancy Andrighi, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é conhecida por suas decisões polêmicas. Na mais recente, condenou um pai a pagar R$ 200 mil de indenização à filha por abandono afetivo. “Não se pode obrigar um pai a amar um filho, mas o dever de cuidar dele está na Constituição”, declarou na época. Também julgou o caso das pílulas anticoncepcionais de farinha que levou um conhecido laboratório farmacêutico a indenizar mulheres que engravidaram depois de fazer uso delas.
Aos 59 anos, 36 dos quais dedicados à magistratura, a primeira mulher a se tornar corregedora da Justiça Eleitoral diz que os juízes precisam ser humildes e admitir que,diante da complexidade das causas que existem atualmente, não têm mais condição de julgar sozinhos e necessitam do auxílio de equipes multidisciplinares nessa tarefa. Em entrevista para a PODER de julho, Nancy fala também sobre a presença feminina em cargos estratégicos.
PODER: Como a senhora avalia a tríade de mulheres que está ocupando postos-chave do país: Dilma Rousseff na Presidência da República, a ministra Cármen Lúcia no TSE e a senhora na corregedoria?
FÁTIMA NANCY ANDRIGHI: Vejo tudo isso com muita alegria, porque nós estamos conseguindo demonstrar que somos capazes de desempenhar as mesmas atividades que os homens, com a mesma competência, mas também com esse lado de humanização, que acabei de falar. Devagar, as mulheres, com seu jeito, estão demonstrando o valor que isso tem, a começar pela própria presidente Dilma.
PODER: Mas a presidente Dilma também? Todos comentam que ela costuma ser durona, que é seca com as pessoas…
FNA: Ela também. Acredito que todas as mulheres têm esse lado, essa capacidade.