Com sete indicações ao Emmy, o prêmio máximo da televisão mundial, George Moura é o roteirista pernambucano que se destaca ao assinar tramas elaboradas e polêmicas, entre elas, “Amores Roubados” e “Onde Nascem os Fortes”, da TV Globo. Em seus trabalhos mais recentes, trata da dependência química na série “Onde Está Meu Coração” e do universo do desejo no filme “Crônica da Casa Assassinada”.
Por Fernanda Grilo para a revista PODER
Primeira lembrança do Recife?
O mar com arrecifes e a casa da infância de muros baixos.
O roteiro da sua vida?
O que ainda vou escrever.
TV do futuro?
Com mais histórias diversas do Brasil profundo e por isso mais universal.
Personagem inesquecível?
Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião.
Melhor novela de todos os tempos?
Estúpido Cupido, de Mário Prata, por seu frescor e inocência.
Uma obra que gostaria de ter dirigido?
Les Astrides de Ariane Mnouchkine, adaptação de Ifigênia em Aulis de Eurípedes e das Orésteia de Ésquilo, do Teatro de Soleil, na Cartoucherie de Vincennes, Paris.
Em que momento surge as suas melhores ideias?
Depois da exaustão da busca por elas, quando menos se espera, num espanto.
Não pode faltar no café da manhã?
Jornal impresso, café forte e beijo na boca.
O que sempre falta na sua casa?
Algum item para aplacar a fome das bocas vorazes, que demanda uma ida ao mercado (ou a feira).
A melhor hora do dia?
Quando tudo parece que já foi feito e há espaço para o ócio lúdico.
Momento de mau humor
Gente que não se importa com o outro e acha que o espaço público é privado, vide as bicicletas elétricas, os que não param no sinal vermelho e os que não coletam os feitos dos seus cachorros.
A primeira coisa que faz quando chega ao trabalho?
Respiro e penso: vai ser bom e divertido.
Livro?
Todos os clássicos que ainda não li.
Escritor?
O poeta pernambucano João Cabral de Mello Neto de “Uma Faca Só Lâmina”, “Cão Sem Plumas” e tudo o mais.
Frase preferida?
Escrita embaixo de um relógio analógico sem ponteiros no escritório da escritora Hilda Hilst: “É mais tarde do que supões”.
Melhor filme?
Não sei se o melhor, pois são muitos os melhores, mas um que me tirou do eixo: O Enigma de Kaspar Hauser, do diretor Werner Herzog.
Música que marcou sua vida? Por quê?
Coqueiros de Geraldo Azevedo por estes versos: “Na paisagem do teu corpo/ Vou deixar meu sorriso”.
Artista preferido?
Coreógrafa e bailarina Pina Bausch.
Um sonho de infância?
Dar a volta ao mundo de carro, sem um roteiro prévio e nem prazo para o fim.
O que falta realizar na vida?
Tanta coisa, que nem dá para confessar…
Um ídolo?
O poeta Ferreira Gullar.
Tem vício?
Se tenho, não lembro. Devo acreditar que é virtude.
Uma mania?
Pontualidade.
Qualidade e Defeito?
Persistência. Controlador.
Gadget preferido?
Livro de bolso.
Peça de roupa favorita?
A que não aperta e tem cheiro suave.
Ser bem-sucedido é?
Não precisar agradar a todos e nem atender a todos os pedidos.
Onde e quando é mais feliz?
De férias, cheio de nada para fazer.
Um medo?
Uma doença paralisante.
Uma pessoa que te inspira?
Os que acreditam que não tem nada a perder.
Quem você gostaria de ser?
O poeta Fernando Pessoa, por ser tantos em um só.
Lugar preferido no mundo?
O deserto.
Com o que se preocupa?
Com os filhos.
O que faria se ficasse invisível por um minuto?
Tiraria a roupa e mergulharia no primeiro espelho de água cristalina.
Se posicionar é?
Ser quem você deseja ser, sem desrespeitar o outro e sem ser servil.
Desejo para o futuro…
Que ele seja presente e pleno.