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1. O que está acontecendo à economia dos EUA mostra que a saída da crise de 2007/08 não depende apenas das políticas monetária e fiscal mas, também, e fundamentalmente, de como o setor privado responde a tais políticas. A crise foi produzida por uma quebra da “confiança” de todos os agentes (consumidores, investidores, banqueiros). Cada um deles, tentando defender-se da interrupção repentina do circuito econômico, procurou ficar líquido.

2. A falência do banco Lehman Brothers, revelou a enorme miopia e ineficiência dos Bancos Centrais no cumprimento de sua missão principal: manter hígido e líquido o sistema financeiro. Quando o banco central americano (o FED) a permitiu, destruiu a possibilidade de uma liquidação ordenada de um dos pontos centrais da vasta rede de interligações do sistema financeiro internacional. O pânico apropriou-se dos agentes financeiros diante da incerteza reinante. Estes, instantaneamente, suspenderam o crédito entre si e aos clientes (consumidores e produtores). Os empresários desprovidos de capital de giro procuraram vender seus estoques e, diante da incerteza, reduziram a produção para ficarem “líquidos”. Os trabalhadores, por sua vez, diante da incerteza sobre seu emprego, reduziram o seu consumo para criarem alguma “liquidez” com a qual poderiam enfrentar o futuro.

3. Essa procura geral de liquidez interrompeu o “circuito econômico”. Quando todos ficaram “líquidos” morreram afogados na liquidez! Esse fato físico é que é a crise. Como é evidente, ela foi uma quebra de confiança que se espalhou como uma epidemia sobre toda a população. Eliminá-la não é tarefa fácil porque exige muito mais do que medidas econômicas como baixar a taxa de juros, aumentar o crédito e ampliar os gastos do governo para compensar a queda da demanda privada. Ela exige o restabelecimento da “confiança” dos agentes no Governo. Na capacidade deste de iluminar um “futuro incerto” e dar coragem a consumidores, empresários e banqueiros para que tomem o “risco” de reduzir sua liquidez e restabelecer o “circuito econômico”.

4. O presidente Obama tem feito um amplo programa de despesas públicas, de socorro aos bancos (e até a algumas empresas industriais) mas não tem conseguido restabelecer a confiança na economia americana. A maior prova disso é que: 1º) continua a conviver com 27 milhões de desempregados (desempregados propriamente dito, além de quem trabalha em tempo parcial, quem faz trabalho aleatório (“biscates”) e um contingente que desistiu de procurar trabalho). Estes são uma ameaça para quem ainda está trabalhando o que inibe a ampliação do seu consumo. As empresas não-financeiras têm em caixa (na forma de títulos do governo) qualquer coisa como 2 trilhões de dólares (maior que o PIB brasileiro). Não se dispõem a investir e aumentar o emprego porque têm dúvida sobre o futuro.

5. Se Obama não conseguir reconquistar a confiança dos cidadãos americanos que crêem que ele tratou melhor o sistema financeiro que produziu a crise do que a eles que a estão pagando, o crescimento robusto que reduzirá o desemprego demorará a chegar. Sem cooptar o setor produtivo privado os estímulos do Governo serão incapazes de salvar o enorme patrimônio político de Obama que está em evidente liquidação…

Por Antonio Delfim Netto

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