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1. Para desespero de alguns antropólogos “engajados, que chegam ao extremo de exigir que os povos indígenas, mesmo contra vontade, devem conservar a sua atual forma de viver e construir uma espécie de santuário antropológico para observação dos que se pensam civilizados, os índios do rio Xingú (que nasce em Mato Grosso, atravessa o Pará e deságua no Amazonas) reuniram-se em Altamira, no Pará, nos dias 4-6 de junho, para discutir “civilizadamente” as conseqüências da construção da Hidroelétrica de Belo Monte. Como era de esperar, a discussão esquentou e mostrou que não há consenso entre eles.

2. Compareceram à reunião representantes das onze etnias que serão afetadas. Sete delas (que representam, grosseiramente, 30% da população) declaram-se a favor do projeto. Revelaram que já tinham entendimentos com a Eletronorte, de quem já estão recebendo cestas básicas, combustível e algum recurso para continuarem a realizar seus próprios projetos. As outras quatro (Kaiapó, Juruna, Tapaiúna e Arara) que constituem aproximadamente 70% da população indígena local, alguma coisa entre 10 a 11 mil, revelaram sua hostilidade e declararam que vão continuar a resistir à construção de Belo Monte.

3. O que há de interessante nesse fato é que ele mostra que a suposta “voz indígena consensual” anunciada por “cientistas engajados”, ONGs nacionais (em geral financiadas pelo próprio governo brasileiro e ONGs (financiadas por governos estrangeiros) está longe de existir. A idéia, alimentada por algumas dessas instituições, que aquelas etnias, justamente protegidas constitucionalmente por reservas adequadas, constituem “estados soberanos” que podem declarar guerra ao Brasil ou decretar a sua independência, é ridícula, mas constitui uma ameaça à nossa integridade física e um problema de segurança nacional.

4. A questão indígena é muito complicada. Exige uma solução aberta que respeite as preferências reveladas pelos próprios interessados. Elas, obviamente, variam de acordo com a localização de cada grupo, de sua integração com outros grupos, da qualidade do meio ambiente em que obtém a energia para sobreviver e manter sua tradição cultural, etc.

5. O caso da reserva da Raposa Serra do Sol exemplifica bem aquela complexidade. Ela tem cerca de 1,74 milhões de hectares (1.740km quadrados), abriga cerca de 19.000 índios de pelos menos cinco etnias e faz fronteira com a Guiana e a Venezuela. Todos se lembram da expulsão de produtores de arroz, instalados em Roraima há mais de uma geração. Alguns não tinham uma relação harmônica com certos grupos indígenas. Depois da última visita do presidente Lula para comemorar um ano da demarcação, as notícias não são nada alvissareiras. A Funai (Fundação Nacional do Índio) e o CIR (Conselho Indigenista de Roraima) continuam, aparentemente, a discriminar os índios que foram contra a expulsão dos arrozeiros e, na opinião deles, não há nada a comemorar. O seu empobrecimento aumentou e a sua sobrevivência reside, hoje, numa “cesta básica” que depende da vontade da burocracia engajada que controla a Reserva, onde a densidade é de 11 índios por Km2!

Por Antonio Delfim Netto

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