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1. No momento em que se preparam para plantar a nova safra 2009/2010, os agricultores brasileiros receberam uma boa noticia: o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (carinhosamente apelidado de “PAP”), apresentado por Lula, em Londrina no dia 22 de junho. Ele aumenta o financiamento, melhora os preços mínimos, reduz o juro, etc. Mais três boas surpresas viriam no discurso do presidente.

2. A primeira é que o “governo federal estuda um novo modelo de financiamento agrícola. É uma política mais agressiva, mas não é fácil. Estamos atentos a esses problemas e para a próxima safra teremos novidades”, disse Lula. Que modelo é esse? Trata-se da tentativa de estabilizar a renda do agricultor que é sujeito de um lado às intempéries e, de outro, às flutuações dos preços. Elas serão resolvidas: 1º) por um seguro agrícola subsidiado pelo governo e 2º) pelo aperfeiçoamento dos instrumentos que permitirão ao agricultor “travar” os preços pelo uso dos mercados de “futuro”, o que é perfeitamente possível graças à sofisticação da nossa BMF-BOVESPA.

3. A segunda surpresa foi o “novo” entendimento do governo sobre a dívida dos agricultores. Em lugar de chamá-los de “caloteiros”, como era usual no passado, Lula disse que:”99% dos agricultores estão endividados não porque não querem pagar. Porque enfrentaram problemas climáticos ou porque enfrentaram queda de preços na hora da colheita. Isso tem que ser entendido e tem que se achar soluções dentro disso”. Não disse, mas podia tê-lo feito, que muitas vezes os movimentos dos preços e as dívidas foram obra das políticas oportunisticas dos próprios governos, que usaram a taxa de câmbio para controlar a inflação…

4. A terceira surpresa, que deve ter levado ao desmaio alguns ambientalistas simplistas que abusam da retórica rococó, foi a afirmação de Lula com relação às obrigações de “reservas” impostas às propriedades agrícolas: “O que estamos discutindo – disse ele – é a reserva legal, que nenhum outro país do mundo tem. De quem é a obrigação de manter essas grandes reservas? Essa é, em todo o mundo, uma responsabilidade dos governos e não apenas do produtor. Se a sociedade quer a preservação ambiental deve pagar por isso e não jogar todo o esforço nas costas do agricultor”.

5. Sem dúvida 22 de junho, em Londrina, foi um grande dia para a agricultura.

Antonio Delfim Netto

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