1. A frase do ano de 2009, que confirma a intuição e a inteligência do torneiro-mecânico que chegou legitimamente à Presidência em disputa limpa e de fazer inveja até a países com instituições democráticas maduras, será “recuso o terceiro mandato porque não brinco com a democracia: quem quer o terceiro, vai querer o quarto e…” É esse compromisso com a História que o levou a dar ênfase ao combate à fome e à construção de políticas públicas que, na medida de nossas possibilidades, melhoram a igualdade de oportunidade para os cidadãos nascidos nos lares menos providos de recursos. Esta é condição necessária, ainda que não suficiente, para a sobrevivência da democracia e da economia de mercado, que é a melhor combinação que o homem descobriu, por seleção histórica natural, para manter sua liberdade de iniciativa dentro de um sistema produtivo eficiente.
2. A Fundação Getúlio Vargas publica mensalmente a revista Conjuntura Econômica com análises sérias, cuidadosas e às vezes, com um viés conservador um pouco irritante. Talvez este seja necessário para controlar as ondas de “otimismo” e “pessimismo” extravagantes que frequentemente assolam a sociedade brasileira. O último parágrafo da “Carta do IBRE” publicada mensalmente naquela revista (edição de maio, pg.6-9) merece ser transcrito exatamente por aquelas virtudes: “Em suma – diz a Carta – apesar de ter sido brutalmente atingido pelo choque global no último trimestre de 2008, que cobrará um preço caro em termos de crescimento em 2009, o Brasil não foi fundamentalmente desestabilizado no arcabouço econômico que esteve por detrás do desempenho muito positivo a partir de 2004.. Há indicações, portanto – conclui a Carta – de que é possível, no caso brasileiro, sair da crise mais rapidamente do que os países ricos”.
3. Poucas pessoas sabem, mas o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil desde meados de 2005, o Dr. Sergio Rezende, é professor e cientista, titular do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, com vários trabalhos publicados em revistas internacionais da mais alta reputação. Antes foi presidente da FINEP, onde prestou um trabalho relevante desburocratizando e acelerando o financiamento de pesquisas. A sua magnífica e silenciosa administração no ministério começa a revelar-se pelo significativo aumento de artigos publicados por cientistas brasileiros nos últimos anos. Confirma-se, cada vez mais, que o espaço brasileiro contém um arquipélago, um conjunto de ilhas de “excelência” em matemática, física, química, biologia, medicina, etc., cercadas por um mar de educação básica de péssima qualidade que dificulta a absorção das tecnologias inovadoras que produzem o desenvolvimento.
Antonio Delfim Netto