GOTAS DE MEL E DE FEL…

Por Antonio Delfim Netto
 
De acordo com um 
interessante trabalho do DIEESE, houve 316 greves no Brasil em 2007, sendo 164
no setor público (52% do total) e 152 (48%) no setor privado. O fato notável é
que com 52% de greves o setor público registrou 85% das horas paradas, o que
mostra como a vida pública é risonha e franca. Como disse o  presidente
Lula, greve sem dias descontados é férias… E vai continuar a sê-lo, enquanto
não se aprovar a regulação que se espera do Congresso há vinte anos.


O setor automobilístico brasileiro é dos mais dinâmicos do mundo. Não temos
marcas próprias, mas as empresas estrangeiras têm aqui centros de engenharia de
“excelência” que utilizam nosso trabalho e competência para projetar e produzir
carros nacionais. Como sexto produtor do Mundo (3 milhões de veículos anuais) a
atividade tem sido o “carro chefe” do nosso desenvolvimento industrial. Graças à
criação do motor flex-fuel e à produção de etanol, o Brasil é o único país que
dispõe de um sistema de transporte individual ambientalmente amigável e
praticamente independente do petróleo. A industria promete investir 20 bilhões
de dólares nos próximos anos para atingir a capacidade de produzir 6 milhões de
unidades por ano (o que hoje produz o Japão) e tornar-se importante base
exportadora.


Um fato importante com relação à indústria automobilística é que tremenda
competição entre empresas para ganhar e conservar a sua participação no mercado
tem mantido os seus preços abaixo da taxa de inflação, à despeito de ser
pressionada por enorme aumento de custos. Isso só foi possível devido à redução
do custo unitário dos veículos pelo aproveitamento da plena capacidade produtiva
estimulada pelo aumento da demanda nos últimos anos. Tudo isso está agora
seriamente ameaçado pelo cabo de guerra entre a indústria e o sindicato dos
trabalhadores que pretende aumentos de salários reais acima dos ganhos da
produtividade física. Sem uma cooperação razoável e inteligente entre
trabalhadores e empresas na distribuição dos aumentos da produtividade,os
primeiros irão curtir suas mágoas no seguro desemprego e as segundas investir em
outra freguesia…

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