por dado abreu fotos pedro dimitrow styling cuca ellias (odmgt)
“Aprendi que não vivemos para morrer, mesmo que não exista motivo.” O trecho de “Ocean”, single lançado por DJ Alok em maio, traz consigo a velha dicotomia acaso/destino: justo quando a música ganhava as paradas de sucesso, no exato intervalo de uma semana, Romana, a mulher do músico, perdeu o filho do casal com dois meses de gestação; e o avião particular que transportava o DJ saiu da pista durante a decolagem em Juiz de Fora – por sorte, não houve feridos. Desde então, Alok repensa os rumos da carreira.
“Sou muito grato por ter mais uma chance, o dia 20 de maio [data do acidente] ficará marcado como meu segundo nascimento. A partir de agora estou mudando as minhas prioridades. Não quero mais viver para o trabalho. Quero também viver para mim, curtir a minha família, os amigos, fazer as coisas que eu gosto”, contou a PODER. “Não estou dizendo que não gosto do meu trabalho, amo o que faço, vivo um sonho, mas preciso reconquistar um equilíbrio que a vida atribulada me tirou.”
Único brasileiro na lista dos melhores DJs do mundo, a Billboard Dance 100, Alok, aos 26 anos, é um dos grandes nomes da cena eletrônica mundial. O produtor musical já mixou para Mick Jagger, tem mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e coleciona hits como “Hear Me Now” e “Big Jet Plane” – se você não os reconhece pelo nome, tenha certeza que já ouviu e dançou.
Seu último sucesso viralizado na web, “Ocean”, foi inspirado em uma fã mirim de 12 anos que morreu em decorrência de um câncer antes de realizar o sonho de conhecer o mar e o próprio Alok. Por isso a coincidência. “É uma música forte, que fala sobre o sentido real da vida, sobre dar valor ao afeto e às pessoas, e não às coisas”, lembra o DJ, que doou os royalties da composição a duas instituições que atendem crianças com câncer. “Foi o mínimo que eu pude fazer para continuar colocando em prática a minha ideia de que a nossa felicidade depende diretamente da felicidade dos outros.”
Com essa felicidade estampada no sorriso, DJ Alok posou para as lentes de PODER celebrando a vida e “o momento grandioso” que passou na adversidade dos acontecimentos recentes. Frente à câmera do fotógrafo Pedro Dimitrow, se nos primeiros cliques aparentou um certo acanhamento, logo se soltou ao fazer um pedido simples: “Posso escolher um som?”. Era sua playlist pessoal, “pessoa física”, como Alok zombou, em uma das plataformas de streaming, a mesma lista que o DJ ouve quando está em viagem e longe dos palcos (confira na página ao lado). “Adorei o resultado, fui me soltando aos poucos, achei incrível. Não sou de mo-delar, nunca coloquei minha imagem em primeiro plano porque não sei fazer isso, sou muito tímido. Mas acho que desta vez ficou bem legal. Me empolguei tanto que queria mais”, brincou ao fim da sessão.
“Por mais que seja um momento delicado, este é o melhor momento da minha vida. Nunca estive tão feliz por estar vivo. Digo com tranquilidade que se eu morrer daqui um mês vou morrer feliz. Só me arrependeria por não ter tido um filho. Mas acho que estou no caminho, no caminho certo”, finalizou DJ Alok, genuinamente feliz.